Terreno de teatro na Luz, em São Paulo, vira lugar para o crack

Maria Eugênia de Menezes
02/12/2013 às 09:30.
Atualizado em 20/11/2021 às 14:30
 (Divulgação)

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Lixo jogado a céu aberto, usuários de crack, barracos construídos com restos de plástico e papelão. Isso é o que se vê no terreno que deveria sediar o Complexo Cultural da Luz. Lançado em 2008, o projeto viria a transformar o bairro, que já conta com a Pinacoteca e a Sala São Paulo, no maior distrito cultural da cidade. Passados 5 anos, porém, a proposta ainda não saiu do papel.

De acordo com o Secretário de Estado da Cultura, Marcelo Araújo, o cronograma segue em ritmo normal. Há um mês, ocorreu uma audiência pública sobre o projeto. A confecção do edital de licitação está em fase final, momento em que os preços são estipulados. E a expectativa é de que ele seja concluído e lançado ainda este ano. "As obras devem começar no primeiro semestre de 2014", disse ele, em entrevista à reportagem.

Os moradores de rua que hoje cercam a área usam a grade de um alambrado como apoio para construir seus barracos. Há cerca de 80 dessas habitações. A reportagem realizou duas visitas ao terreno. Em ambas, dois postos policiais e um carro da Guarda Civil Metropolitana estavam no local. "Não temos orientação para intervir", comentou um policial militar que não quis se identificar.

Do lado de dentro da cerca, não há casas levantadas. Mas uma abertura na grade permite a entrada dos usuários de crack. Também se pôde observar o despejo de lixo no terreno. "Não estamos fazendo nada errado. Só tentando conseguir um lugar aqui do lado de fora", comentou um homem, que se identificou apenas como Pedro. Ele relata estar há cerca de três semanas na região e nega que utilize drogas.

O secretário de Cultura, que trabalha no edifício da Sala São Paulo, exatamente em frente à área, relata ter percebido um crescimento do número de usuários de crack nas proximidades. "Nas últimas semanas, houve um aumento notável", diz ele. "É uma preocupação para todos na cidade. Um grande problema social."

Mudanças de datas

Aproximadamente R$ 170 milhões já foram gastos no Complexo, entre desapropriações e o desenvolvimento de projetos. Quem assina a proposta são os renomados arquitetos Jacques Herzog e Pierre De Meuron, vencedores do Pritzer - a mais importante premiação da arquitetura mundial - e autores de criações contemporâneas marcantes, como o estádio Ninho de Pássaro, em Pequim, e a Tate Modern, em Londres. Quem também já está trabalhando é a TPC - Theatre Projects Consultants, uma empresa britânica de consultoria, que orienta a construção de teatros em todo o mundo.

Sucessivos adiamentos marcam o Complexo Cultural da Luz. Foi anunciado durante a gestão do governador José Serra, em novembro de 2008. À época, a perspectiva do então secretário João Sayad era entregar o teatro concluído em 2010. Mas foi apenas naquele ano que começou a demolição dos prédios que existiam no lugar, entre eles a antiga rodoviária. Apenas o galpão que abriga o corpo de bombeiros permanece até hoje ocupando uma fatia na parte central do terreno.

A troca na secretaria de Cultura, que passou às mãos do atual vereador Andrea Matarazzo (PSDB) em 2010, trouxe novas mudanças. O prédio foi redimensionado e perdeu 30% de sua área original: os 101 mil m² de área construída tornaram-se 71 mil m².

Nesse período, as datas de inauguração também foram sendo gradativamente proteladas: em 2011, estava prometido para 2015; em 2012, passou a ser esperada para 2016. Agora, fala-se em 2017. Os valores também se modificaram com o tempo. Acreditava-se, no início, que custaria R$ 300 milhões. A conta passou a ser estimada em até R$ 600 milhões. Hoje, porém, o governo afirma que apenas após o edital de licitação poderá estimar o custo da obra.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
http://www.estadao.com.br

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