Trump: suspensão de entrada de muçulmanos nos EUA 'funciona muito bem'

AFP
primeiroplano@hojeemdia.com.br
28/01/2017 às 21:05.
Atualizado em 15/11/2021 às 22:37

WASHINGTON - O presidente americano, Donald Trump, afirmou neste sábado (28) que sua ofensiva "muito estrita" contra a imigração muçulmana está funcionando "muito bem", em meio a uma crescente resistência à medida, considerada discriminatória.

Em decreto assinado na sexta-feira, Trump suspendeu a entrada de refugiados em território americano por pelo menos 120 dias e impôs estritos novos controles durante três meses contra viajantes procedentes de Irã, Iraque, Líbia, Somália, Síria e Iêmen.

"Está funcionando muito bem. Vê-se nos aeroportos, vê-se em todas as partes", disse Trump a jornalistas, depois que passageiros procedentes dos países citados terem sido impedidos de embarcar em voos com destino aos Estados Unidos, gerando protestos em terminais aéreos.

"Vamos ter uma proibição muito, muito estrita e vamos ter a análise extrema que devíamos ter tido neste país há muito anos", acrescentou.

Recusas

As companhias aéreas começaram a recusar o embarque de cidadãos de sete países para os Estados Unidos, horas depois de o presidente americano proibir a entrada dos muçulmanos.

Na primeira reação enérgica contra a medida da Casa Branca, o governo iraniano a qualificou de "insultante" e  anunciou medidas de reciprocidade e a proibição de entrada de cidadãos americanos em seu território.

A companhia Qatar Airways informou a seus passageiros que os cidadãos dos sete países afetados pela decisão de Washington só poderão embarcar se forem residentes permanentes nos Estados Unidos.

Em Teerã, veículos de comunicação reportaram muitos casos de iranianos, cujo embarque para os Estados Unidos foi rejeitado.

Encarregados de agências de viagem disseram ainda ter recebido instruções das companhias Emirates, Etihad e Turkish Airlines de recusar a venda de passagens inclusive para cidadãos iranianos com visto de entrada nos Estados Unidos.

Teerã e Washington romperam relações diplomáticas há 37 anos, mas segundo estimativas iranianas, um milhão de jovens deste país estudam nos Estados Unidos. Além disso, muitos iranianos viajam regularmente para visitar familiares que emigraram.

Primeiras ações judiciais

Várias associações de defesa dos direitos civis acionaram neste sábado, em território americano, o decreto de Trump, após a detenção de dois iraquianos no aeroporto de Nova York.

Mohamed Eljareh, um pesquisador líbio que trabalha para o centro de análises Atlantic Council, teme que o texto assinado por Trump afete pessoas que viajam regularmente aos Estados Unidos para fins de trabalho ou estudo.

"É provável que esta disposição impacte os estudantes líbios nos Estados Unidos e seus familiares, e também os pesquisadores com vínculos com universidades americanas", disse.

O decreto só exclui cidadãos com visto diplomático ou os que trabalham com estatutos similares, como por exemplo funcionários de organizações multilaterais como o Banco Mundial.

O decreto assinado por Trump também proíbe a entrada de mais refugiados sírios nos Estados Unidos. Este país recebeu 18.000 refugiados desta origem desde 2011.

Compartilhar
Ediminas S/A Jornal Hoje em Dia.© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por