Lisboa e a alma lusitana

Paulo Leonardo - Hoje em Dia
17/01/2016 às 09:44.
Atualizado em 16/11/2021 às 01:03
 (Creative Commons)

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Se uma gaivota viesse / trazer-me o céu de Lisboa, / no desenho que fizesse, / nesse céu onde o olhar / é uma asa que não voa, / esmorece e cai no mar”. Na letra deste clássico fado, “Gaivota” (imortalizado por Amália Rodrigues), traduz-se um pouco da alma lusitana.

Aquela mesma alma que, nos séculos XV e XVI, se lançou destemidamente aos mares nunca d’antes navegados, abrindo ao Ocidente o Japão, as Índias e o nosso Brasil; banhou-se em melancolia no Tejo, no Douro e no Atlântico; distribuiu poesia e lirismo pelos quatro cantos; deu ao mundo Vasco da Gama, Pedro Álvares Cabral, Camões, Eça de Queiroz e Fernando Pessoa; mudou-se para nosso país há 200 anos; seduziu-nos com o bacalhau, as migas e o porco preto do Alentejo; e embebedou-nos com vinhos dos deuses.

Viajar para Portugal, para os brasileiros, é como voltar às nossas raízes, mergulhar no nosso próprio espelho. Estamos em casa, à vontade. Mas prontos e curiosos para descobrirmos e nos deliciarmos com as semelhanças e as diferenças que existem entre nós.

Com uma história de quase 2 mil anos, desde os tempos dos romanos, e com uma ligação para lá de estreita com a nossa própria história, Lisboa, à primeira vista, oferece aos brasileiros aquela sensação de “déjà vu”. É como se nos encontrássemos com uma velha conhecida.

 Mas também pode ser uma “nova conhecida”. Afinal, desde a Expo 98 (Exposição Mundial), Lisboa vem se modernizando, e hoje é uma das capitais mais dinâmicas da Europa – ainda que o país ainda não tenha conseguido sair da crise que o atinge há pelo menos três anos.

O Rock in Rio in Lisboa confirma o lado moderno de Portugal. A cada edição, jovens de toda a Europa vão para Lisboa para se divertir ao som dos grandes nomes do pop-rock internacional.

Em Belém

Ao se aproximar de Lisboa, com destino ao aeroporto Portela de Sacavém, vemos lá de cima a Torre de Belém, erguida no início do século XVI no leito do Tejo. É um símbolo do país, especialmente do seu passado glorioso, da época das navegações, das grandes navegações.

E ali mesmo, no bairro do Belém, está outro atrativo que você não pode perder: os pastéis de Belém originais. Essa iguaria nasceu em meados do século XIX, das mãos dos clérigos do Mosteiro dos Jerônimos.

Pelas ruas calçadas de pedra no Chiado e na Baixa, em busca do fado perfeito

Pergunte à maior parte dos portugueses, em especial os lisboetas, o que pensam ou o que sentem em relação ao fado, e nem eles mesmos saberão explicar. Se estiverem fora de Portugal, no “além-mar”, provavelmente lágrimas lhes virão aos olhos, e eles responderão, com um suspiro, que o fado é a alma portuguesa.

O fado é, por excelência, a canção de Lisboa. É o produto mais nobre e genuíno da cultura popular portuguesa. Por isso, é também um produto turístico.

O turista que visitar Lisboa irá esbarrar no fado em qualquer canto. Os mais entendidos dividem os artistas desse gênero em dois grupos: o profissional, que faz da voz a sua forma de vida, que leva a música portuguesa para além das fronteiras; e o amador (ou vadio, como é chamado lá em Portugal), que leva a coisa de forma mais pura, mais tradicional, usando mais a alma mesmo.

Roteiro do fado

Um roteiro para o visitante de Lisboa conhecer melhor o fado pode começar na Praça do Príncipe Real, em uma das sete colinas sobre as quais a capital portuguesa foi construída. Pode ser no fim do dia, assistindo à noite que cai sobre o Tejo e a cidade.

Dali, você segue para o Bairro Alto. Entra pela Rua da Rosa, explorando as ruas e vielas mais estreitas do bairro. Uma tradicional casa de fado está ali, esperando por você: O Forcado.

Mas a noite está só começando. Desça pela Travessa da Boa Hora e vire à direita. Logo você encontra a Rua do Diário de Notícias. Siga para o número 107, a Adega Mesquita. É a mais antiga das casas de fado.

Se ainda tiver pernas e alguma sobriedade, vá ao Café Luso, célebre desde os anos 30. É um palco muito procurado por jovens talentos do gênero.

Além disso

Animada vida noturna

Agora chega de fado. Vamos aproveitar a noite portuguesa nos bares e casas noturnas da cidade. E há muitas opções. Das Docas ao moderno Parque das Nações, sem deixar de lado a região da Avenida 24 de Julho, repleta de estabelecimentos.

Na região de Belém e Docas, junto ao Rio Tejo, há muito aonde ir. Na região das Docas de Lisboa, destaca-se o Café da Ponte, aberto até as 4 horas da madrugada. Às quintas-feiras, sempre há música ao vivo. Aos domingos, tem a praga do karaokê.

Pertinho dali, em Belém, junto ao Tejo, tem o Café In, com uma bela esplanada virada para o mar.

A zona das discotecas é na Rocha Conde d’Óbidos, perto da Doca de Santo Amaro. Lá encontramos o Blues Café, com ambiente jovem e descontraído; o Dock’s Club, famosa discoteca da noite lisboeta; o Indochina; e ainda o King’s and Queen’s, uma das mais liberais discotecas de Lisboa, para um público bem eclético. Vai até as 6 horas da manhã.

A região da moda, hoje, é a região na Avenida 24 de Julho. Muitos bares e discotecas, como o Main Lisbon (que substituiu a saudosa Kapital), com três andares e ambientes diferenciados; e a Plateau, que já tem mais de 20 anos, mas ainda é considerada a melhor discoteca da cidade (fica nas Escadinhas da Praia, uma transversal da própria 24 de Julho.

 

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