Uma solução para o rio Doce

Hoje em Dia
29/12/2013 às 07:30.
Atualizado em 20/11/2021 às 15:03

Depois de sobrevoar o rio Doce em companhia de Dilma Rousseff, na sexta-feira, o governador Antonio Anastasia revelou ter conversado com a presidente da República sobre um projeto de dragagem do rio para ampliar sua calha e evitar novas enchentes, como as que castigam hoje Governador Valadares e outras cidades na sua margem, em Minas e no Espírito Santo.    Anastasia não é um especialista em salvação de rios, mas, segundo ele, basta observar o histórico do rio Doce para concluir que a solução é o desassoreamento. Lembra que este era um rio caudaloso e muito profundo. Com o passar das décadas, perdeu profundidade e volume de água. Ficou um rio raso, que transborda em períodos de chuva intensa.    Outros rios mineiros sofrem do mesmo mal. Por enquanto, os estragos causados agora pelas enchentes são bem menores que no começo de 1979. Naquela época, nossos rios deram seu grito de agonia, ao matar 250 pessoas, destruir ou avariar 18 mil casas e desabrigar 170 mil pessoas, das quais 7 mil continuavam desalojadas quando o ano terminou.   Já então, havia diagnóstico sobre a causa da lenta morte dos rios. O rio Doce era o que estava em pior situação. O desmatamento total da Mata Atlântica e a prática de queima das pastagens para combater pragas provocaram a erosão do solo e o surgimento de bancos de areia no leito desse rio e de seus afluentes.    Anastasia reconhece que o desassoreamento do rio Doce é um projeto que vai exigir muito dinheiro para ser executado, mas acha que o governo federal vai acolher essa ideia. É possível, a julgar pela reação da presidente Dilma aos estragos vistos por ela, durante o sobrevoo, em Governador Valadares e Virgolândia. Neste município, a Defesa Civil descobriu, no mesmo dia, mais dois corpos, elevando para 20 o número de vítimas das chuvas em Minas.    A presidente interrompeu suas férias na Bahia para visitar seu estado natal, em companhia de três ministros de Estado: Fernando Pimentel, do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior; Francisco Teixeira, da Integração Nacional; e Alexandre Padilha, da Saúde. De imediato, Dilma anunciou a liberação do Cartão de Pagamento da Defesa Civil (CPDC) – o “cartão desastre” criado por ela para superar a burocracia em casos de emergência. As prefeituras dos municípios atingidos devem receber o cartão. Não há limites estabelecidos de gastos, mas o prefeito terá que apresentar relatórios sobre o que foi feito com o dinheiro sacado. É uma providência elogiável.    Também o projeto de Anastasia merece atenção. Mas o desassoreamento do rio vai durar pouco tempo, se outras providências não forem tomadas para impedir que a degradação do solo às suas margens continue. É bom que se diga que, desde as grandes enchentes de 1979, muito se falou, mas pouco se fez a tal respeito.

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