Usiminas fica sem R$ 700 milhões; montante sairia do caixa da Musa

Tatiana Lagôa
tlagoa@hojeemdia.com.br
10/01/2017 às 20:10.
Atualizado em 15/11/2021 às 22:22

Apesar de ser peça central para a recuperação econômica da Usiminas, a liberação de R$ 700 milhões do caixa da Mineração Usiminas (Musa) para a siderúrgica não foi aceita pela Sumitomo Corporation. A negativa veio em assembleia de acionistas ocorrida ontem a tarde e dá início a uma batalha que deverá ser resolvida na Justiça.

Quando a Usiminas renegociou as dívidas junto aos bancos, uma das cláusulas era o acesso ao caixa da Musa, mineradora que a Usiminas tem 70%. O prazo dado pelos bancos e debenturistas para que a transação fosse finalizada foi 30 de junho de 2017.

Matematicamente, tudo seria bem simples. Dos R$ 1,3 bilhão que a mineradora tem em caixa, R$ 700 milhões iriam para a Usiminas. Como o recurso estava guardado para realização de projetos anulados devido ao mau momento econômico, não haveria grandes dificuldades em cumprir com o combinado.

Porém, o que a Usiminas não contava era que a Sumitomo valeria do poder de veto, graças aos 30% de participação na mineradora, para negar o resgate do recurso. “O estranho disso tudo é que se a Usiminas não se recupera, a Musa vai mal também, uma vez que a empresa é a principal cliente da Musa”, questiona uma fonte que não quis se identificar.

Em Fato Relevante direcionado ao mercado, o vice-presidente de Finanças e Relações com os Investidores da Usiminas, Ronald Seckelmann, afirma que a negativa da Sumitomo configura como abuso de direito e promete recorrer da decisão. “A Usiminas buscará, pelas vias legais pertinentes, a invalidação do voto contrário apresentado pela Sumitomo, a fim de que prevaleça seu voto majoritário favorável à aprovação das matérias objeto da AGE (Assembleia Geral Extraordinária).

O temor é que haja uma represália por parte dos credores em caso de não cumprimento do combinado. Nesse caso, entram na berlinda postos de trabalho e até mesmo a permanência da empresa no mercado.

Em nota, a Ternium, uma das sócias-controladoras da Usiminas, lamentou o resultado da reunião. Disse que “espera que o presidente da Usiminas, Romel Souza, tome todas as medidas necessárias para acessar o recurso antes do prazo acordado com os bancos. É fundamental que a japonesa Sumitomo leve em consideração que a liberação do recurso é estratégica para a Usiminas”.

Já Nippon Steel e Sumitomo não se pronunciaram sobre o assunto.

Até setembro, a Usiminas tinha dívida líquida de R$ 4,6 bilhões. O alto nível de endividamento fez com que a companhia quase entrasse em recuperação judicial, o que não ocorreu graças aos acordos feitos com os credores e o socorro financeiro feito pelos sócios, com aumento de capital em R$ 1 bilhão
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