Usiminas tem prejuízo de R$ 195 milhões no quarto trimestre de 2016

JOSÉ ANTÔNIO BICALHO
jleite@hojeemdia.com.br
17/02/2017 às 20:22.
Atualizado em 16/11/2021 às 00:35
 (Arquivo Hoje em Dia)

(Arquivo Hoje em Dia)

O resultado do quarto trimestre de 2016 da Usiminas não foi entusiasmador, mas acende alguma esperança de recuperação da maior siderúrgica de aços planos do país. Conforme divulgado ontem, a empresa registrou novamente prejuízo no último trimestre do ano passado, o décimo consecutivo, de R$ 195 milhões.

Foi um resultado pior que o prejuízo de R$ 107 milhões do trimestre imediatamente anterior, mas bem melhor que o gigantesco resultado negativo de R$ 1,627 bilhão do mesmo período de 2015. No acumulado de 2016, o prejuízo líquido foi de R$ 577 milhões, uma redução de 84% em relação ao registrado no ano anterior.

A má notícia é que, com o resultado negativo, a Usiminas continua queimando caixa. E a boa é que o tamanho dessa queima vem sendo reduzida por um esforço de corte de custos e reajuste de preços. Neste ano, as perdas tenderão à estabilização se os bons ventos continuarem soprando para a empresa e para o setor siderúrgico, que vem encontrando espaço para reajustar o preço do aço.

A Usiminas conseguiu negociar junto às montadoras de automóveis um aumento médio de 25%, válido desde janeiro por 12 meses. Para as distribuidoras de aço, que já vinham de três reajustes subsequentes no ano passado, a empresa repassou novo aumento neste início de ano entre 8% e 9%. Estes são os dois principais grupos compradores do aço da Usiminas. Para as demais indústrias clientes (eletrodomésticos, máquinas e equipamentos industriais e outros), a empresa vem negociando caso a caso.

Recomendação

Logo depois da divulgação do resultado, o banco de investimentos J.P. Morgan anunciou que mantém a classificação de ‘não recomendável’ para as ações da Usiminas por conta da queima de caixa de R$ 110 milhões no quarto trimestre. Mas ontem, em entrevista ao Hoje em Dia, o presidente da Usiminas, Romel Erwin de Souza, ressaltou que a leitura apenas da linha do lucro/prejuízo do balanço leva a uma análise distorcida do desempenho da siderúrgica.

Romel destaca que a geração de caixa e o lucro operacional apontam para “uma inflexão da curva de resultados”. De fato, a empresa teve no quarto trimestre seu primeiro lucro operacional (antes dos pagamentos de impostos e despesas financeiras) dos últimos 11 trimestres. E a geração de caixa (ebitda), importante indicador para medir a capacidade da empresa de honrar compromissos financeiros, somou no trimestre R$ 584 milhões, perfazendo uma surpreendente margem ebitda (geração de caixa sobre receita líquida) de 28%.

O resultado do trimestre não entusiasmou investidores; as ações preferenciais da empresa encerraram ontem com valorização pífia de 0,18%


O presidente da Usiminas também fez questão de ressalvar que os resultados do terceiro trimestre foram impactados por “efeitos extraordinários e não recorrentes”, ou seja, gastos que não se repetirão ao longo do ano. Estes foram R$ 70 milhões de pagamento pela rescisão do contrato de fornecimento de gás da White Martins para à usina de Cubatão, outros R$ 30 milhões em provisão para devedores duvidosos e R$ 340 milhões em provisões de Imposto de Renda recuperável (sem efeito caixa).

Se os resultados ainda não entusiasmaram os investidores (as ações preferenciais encerraram ontem com valorização pífia de 0,18%), Romel afirma que eles apontam boas perspectivas para este ano. “Ainda não apresentamos lucro, mas limpamos o balanço e estamos bem mais leves para trabalhar neste ano”, disse.

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