Venda de pacotes para o fim do ano está 5% maior em 2014

Janaína Oliveira - Hoje em Dia
03/11/2014 às 08:00.
Atualizado em 18/11/2021 às 04:52
 (Katsuyoshi Tanaka/Divulgação - 27/2/2013)

(Katsuyoshi Tanaka/Divulgação - 27/2/2013)

A inflação e o dólar mais caro não cortaram as asas do turismo. A Associação Brasileira de Agências de Viagens (ABAV Nacional) espera que as vendas para o fim de ano decolem 5%, na comparação com a mesma época no ano passado.

A temporada será ainda melhor na opinião do vice-presidente Financeiro da Abav em Minas, José Maurício de Miranda Gomes. A expectativa é de aumento de 10% na comercialização de pacotes para nacionais e internacionais. Com o real bastante valorizado frente ao peso argentino e a implantação de voos diretos entre Buenos Aires e Belo Horizonte, a capital argentina desponta como queridinha neste réveillon.

“Apesar da gangorra do dólar, nossa expectativa é a melhor possível. Pacotes internacionais estão cerca de 10% mais caros, mas ainda é um percentual incapaz de fazer o turista desistir de viajar. Só não pode subir muito mais. Se a escalada chegar a 20%, aí a coisa complica”, diz o vice da Abav-MG. Em 31 de outubro do ano passado, o dólar comercial fechou a R$ 2,23. No fechamento do pregão no mesmo dia em 2014, a cotação atingiu R$ 2,48, um salto de 11,2% no período.

“Um pacote que custava R$ 4 mil passou a custar R$ 4,4 mil. É uma diferença pequena para quem planejou visitar Paris ou Nova York. Poucos clientes desistem por causa de uma variação deste tamanho. Mas eventualmente pode pesar no bolso de quem tem o orçamento mais apertado”, exemplifica o executivo.

Como muita gente não quer abrir mão de passar a virada de ano no exterior, e gastando pouco, Buenos Aires tem despontado como uma viagem de ótimo custo-benefício. “Um real equivale a seis pesos argentinos. É um produto de qualidade, com bons passeios e ótimo preço. Não à toa já é o primeiro destino internacional do Brasil”, diz. Já o Chile fica em segundo na preferência dos brasileiros entre os países da América do Sul.

Na CVC, maior operadora de viagens do país, as reservas confirmadas cresceram 17% no 3º trimestre de 2014, ante igual período no ano passado. Para driblar as oscilações do dólar, a companhia oferece parcelamentos em até 10 parcelas. “Assim, as diferenças são absorvidas no parcelamento e as variações não chegam a interferir nas vendas de pacotes de viagens ao exterior”, diz a CVC, em nota.

A atrair a clientela a operadora também investe em promoções. Na última sexta- feira, por exemplo, a CVC utilizada o câmbio reduzido, no valor de R$ 2,15, para conversão de boa parte dos pacotes para terras estrangeiras.

Na rota internacional, Argentina, Estados Unidos (em especial Orlando e Miami), Caribe, Chile e Europa estão entre as preferidas pelos brasileiros. Mas na empresa o turismo doméstico costuma ter a preferência nas viagens de fim de ano, em função do verão. Os destinos mais procurados são Porto Seguro, Natal, Fortaleza, Maceió, Salvador, Porto de Galinhas, Rio de Janeiro e Caldas Novas. Em ambos os casos, a CVC informa que “ainda há muitas opções na prateleira”.

Empresas ainda têm opções

As comemorações de fim de ano já começaram na Master Turismo. Segundo a gerente de lazer da empresa, Alexandra Peconick, o crescimento nas vendas para viagens no réveillon incrementaram o faturamento em 20%. “A demanda está enorme”, diz ela, que vibra com a marca de mais de 4,5 mil pacotes bloqueados, ou seja, com reservas já feitas em hotéis e aviões.

Segundo ela, a empresa ainda tem pacotes disponíveis para o mundo inteiro. “Apesar do aumento da procura, não tem nada esgotado. Aumentamos a oferta em 20%”, afirma. A diferença é que o viajante que deixou a compra para a última hora pagará mais caro. “Quanto maior a antecedência, melhor o preço, e vice e versa”, diz. Tarifas de passagens aéreas, por exemplo, podem duplicar, até triplicar, à medida que o tempo passa. E isso tem um peso significativo na conta final, uma vez que, em muitos casos, o transporte responde por 90% do valor total da viagem.

Já na Primus, a esperança é que o ano novo traga muito dinheiro para o bolso dos clientes, que andaram meio sumidos em 2014, por causa da Copa do Mundo e das eleições. “Tivemos redução de vendas de viagens para todos os destinos. Normalmente, a procura começa entre junho e julho, o que não ocorreu. Só agora houve um aquecimento”, diz a gerente geral da empresa, Rosana Queiroz.

Especialistas descartam alta do dólar

Especialistas não apostam em novos aumentos do dólar em curto prazo. Para o diretor da Estruturart Capital, empresa de consultoria financeira, Roosevelt Fagundes, com a elevação da taxa Selic poucos dias após a definição das eleições o Banco Central sinalizou firme intenção em controlar a inflação, e com isto, a tendência da moeda norte-americana será de estabilidade ou queda.

“Caso o BC não tomasse medidas para o combate da inflação, o dólar poderia continuar subindo e diversas consequências ocorreriam na economia, trazendo sérios prejuízos para os brasileiros. O aumento dos preços seria de imediato, já que muitos componentes utilizados no Brasil são importados e a moeda mais utilizada é o dólar americano”.

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