Vendas dos shoppings crescem 3% no natal, menor índice dos últimos 10 anos

Germana Delage* - Hoje em Dia
Hoje em Dia - Belo Horizonte
27/12/2014 às 08:15.
Atualizado em 18/11/2021 às 05:29
 (Flávio Tavares / arquivo Hoje em Dia)

(Flávio Tavares / arquivo Hoje em Dia)

As vendas do Natal deste ano foram 3% maiores do que as do ano anterior, segundo balanço da Associação Brasileira de Lojistas de Shopping (Alshop), divulgado nesta sexta-feira (26). Quando descontada a inflação, esse crescimento cai para 1,5%   O resultado, o menor crescimento registrado nos últimos 10 anos, é reflexo do crescimento do número de malls. Foram 25 novos empreendimentos inaugurados ao longo do ano. Mas, também, da desaceleração da economia e da estagnação do poder de compra das famílias.   Já a pesquisa da Serasa Experian, que tem por base as consultas para proteção às operações de crédito, mostra queda de 1,7% no volume de vendas do Natal na comparação com igual período do ano passado. O levantamento foi feito do dia 18 ao dia 24 e o resultado apurado foi o pior desde o Natal de 2003.   Black Friday   Segundo o presidente da Alshop, Nabil Sahyoun, em dezembro houve uma mudança no comportamento do consumidor que antecipou suas compras com a promoção da Black Friday e, ao longo do ano, houve um aumento das vendas pela internet, o que acabou se refletindo em uma redução de 7% no fluxo de pessoas nos shoppings na véspera do Natal.   Além disso, a Copa do Mundo, a dificuldade para obtenção de crédito, associada ao aumento dos juros e da inflação, também ajudaram a derrubar as vendas.   “Não foi um ano bom para a indústria de shopping. Tivemos perda de faturamento por conta das eleições, da Copa, da política econômica e até dos rolezinhos”, disse Sahyoun, referindo-se aos encontros de adolescentes marcados em shoppings, que acabaram em tumultos.   Troca de presentes   A médica Helga Sartori, 41, e suas filhas Júlia, 9, e Laura 6, voltaram nesta sexta-feira (26) ao Boulevard Shopping, na avenida dos Andradas, para realizar a troca de alguns presentes e aproveitaram o passeio para fazer compras para a viagem de final de ano.   Ela conta que na semana que antecedeu ao natal foi a quase todos os shoppings da capital aproveitando as folgas que tinha no trabalho e que, além dos produtos como vestuário e calçado estarem muito caros, ainda notou os shoppings bem mais vazios na comparação com o movimento do ano passado.   “Durante todo o mês notei que estavam vazios, e só nesta última semana é que vi um maior movimento”.   Os principais shoppings de Belo Horizonte e cidades vizinhas foram procurados pelo Hoje em Dia e nenhum deles tinha balanço de vendas do Natal.   Lojistas fazem liquidações para aproveitar movimento extra   Aproveitando o movimento de troca de presentes, os lojistas se anteciparam e, nesta sexta-feira (26), um dia após o Natal, grande parte das vitrines já estava adesivada com anúncios de promoções, liquidações e queima dos estoques de Natal. O período tradicional das liquidações começa em janeiro e se estende até o final de fevereiro.   A movimentação de consumidores foi intensa nos principais shoppings e o clima de feriado garantiu lojas cheias. Os descontos vão a até 50% em roupas de cama, mesa e banho, itens de vestuário e perfumaria, eletrônicos, entre outros, que tem a intenção de atrair o consumidor que deixou as compras para depois do Natal, aguardando boas ofertas.   Expectativa   Para 2015, as expectativas não são as melhores para o comércio lojista. O presidente da Alshop, Nabil Sahyoun, estima que as vendas brutas não devem superar os R$ 143 bilhões registradas em 2014, principalmente por conta dos fatores negativos previstos para economia em 2015, como a contenção de investimentos, o aumento de impostos e os desdobramentos do escândalo na Petrobras.   Para Sahyoun, o desempenho ruim pode indicar que os shoppings tenderão a enfrentar mais problemas com alta de vacância. Na avaliação dele, lojistas de menor porte (lojas satélite) não se sentem incentivados para investir em lojas novas. A Alshop estima que hoje a média da vacância em shoppings em operação esteja em 10% e Sahyoun estima que esse número pode se aproximar de 12% em breve.   Comércio eletrônico   Realidade muito diferente à dos shoppings vive o comércio eletrônico. As compras do comércio eletrônico no período de Natal renderam R$ 5,9 bilhões, o que corresponde a um crescimento de 37% em relação ao verificado no mesmo período do ano passado, de acordo com a E-bit, empresa especializada em informações sobre o setor, que apurou os dados referentes a pedidos realizados de 15 de novembro a 24 de dezembro de 2014.   (* Com agências)   Comércio virtual inicia ‘Boxing day’ para liquidar estoques de natal   No varejo on-line, os principais sites contam com o Boxing Day para liquidar os estoques de Natal. A data já é uma tradição em países como Canadá e Inglaterra e, no Brasil, terá preços até 60% menores em lojas virtuais.   A Novapontocom, que opera os sites CasasBahia.com, Extra.com.br e pontofrio.com, estreará no Boxing Day com 24 horas de ofertas em todas as suas categorias de produto. Os descontos são de até 60%.   A partir de sábado, os e-commerce da empresa prometem continuar em ritmo de saldão até o fim do ano, mas o grupo ainda não divulgou detalhes das ofertas.   Americanas.com também anuncia participação na promoção conjunta   Também operada pela B2W, a Americanas.com já anuncia descontos de 20% a 60% em seus produtos. O secador de cabelo Travel Ion Bivolt, da Philco, custava R$ 99 e agora sai por R$ 40. O preço do CD player com bluetooth da Alpine para carro caiu de R$ 1.800 para R$ 900.   Aposta nos Aparelhos móveis para alavancar o comércio eletrônico   A expectativa dos participantes do Boxing Day é de avanço das vendas, muito em função das compras feitas por aparelhos móveis. Neste ano, elas já representam 8,8% do faturamento das vendas do comércio eletrônico, o que representa crescimento de 82% em relação ao mesmo período do ano passado.   Uma das explicações é que os novos consumidores nunca tiveram acesso à internet com computadores tradicionais, como internautas que antes usavam desktop e notebook, mas têm smartphones e tablets.

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