Violência eleva gastos na indústria mineira

Felipe Boutros
fboutros@hojeemdia.com.br
14/11/2017 às 22:54.
Atualizado em 02/11/2021 às 23:42
 (Editoria de Arte)

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Em Minas Gerais, cerca de quatro em cada dez empresas sofreram roubo, furto ou algum ato de vandalismo em 2016, segundo estudo da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg). O aumento da criminalidade míngua os investimentos e amplia os custos com segurança, repassados ao consumidor final.
A pesquisa com 202 empresários aponta que 37% dos entrevistados sofreram com a violência em seus negócios no ano passado. As grandes empresas foram as mais atingidas com a ação dos criminosos, com 41% dos casos registrados nesses empreendimentos. Entre as médias, o número cai para 27%. Já nas pequenas indústrias, 38% tiveram prejuízo provocado por roubo, furto ou vandalismo.

De forma geral, a violência representou o equivalente a 0,2% do faturamento da indústria no Estado em 2016. Em todo o Brasil, o índice chegou a 0,19%, o que representa R$ 5,8 bilhões. Em Minas, o montante não foi quantificado.

Além do prejuízo provocado diretamente, a ação dos criminosos ainda faz com que os custos com segurança privada e seguros respondam, em média, por 0,35% e 0,38% do faturamento em Minas Gerais, respectivamente.

“A criminalidade afeta de duas formas. O empresário passa a gastar com segurança privada e para repor as perdas. Esses recursos poderiam estar sendo alocados em aumento de produtividade. Além disso, essa situação, quando a empresa está em uma localização considerada insegura, gera instabilidade emocional nos funcionários, o que pode reduzir a produtividade”, explica a economista da Fiemg, Annelise Fonseca.

Proprietário de uma fábrica de artigos de couro em Itaúna, Pedro Parreiras gasta quase R$ 50 mil por ano só com vigilantes. “Esse custo está pesando sim. Estou pensando em mudar para segurança eletrônica para tentar reduzir os gastos, mas não sei se terei o mesmo efeito”, disse.

Para o professor e pesquisador do Centro de Estudos de Criminalidade e Segurança Pública (Crisp/UFMG), Frederico Couto Marinho, o que chama a atenção é que mesmo com o gasto das empresas em segurança privada, com alto impacto na sua previsão de investimento, os furtos e roubos continuam em número elevado.
“A verdade é que a segurança privada não dá conta de prevenir. Ela é cara e pouco eficiente. É necessário que haja uma cobrança em cima da Polícia Civil para que haja um trabalho de investigação, inclusive, sobre o destino dos produtos desses roubos e furtos”, afirma Marinho.

Questionadas, as polícias Civil e Militar não responderam à reportagem até o fechamento desta edição.
 

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