Votou em uma, votou em todas

Tatiana Lagôa
tlagoa@hojeemdia.com.br
30/09/2016 às 21:27.
Atualizado em 15/11/2021 às 21:03
 (Cristiano Machado)

(Cristiano Machado)

Um homem negro com pente preso no cabelo, outro barbudo, maquiado, de maiô e uma mulher de cocar indígena podem parecer caricatos em um primeiro momento. Mas para os 12 candidatos a vereador do “Muitas Pela Cidade Que Queremos” esses ícones são sinônimo de luta. Cada um deles representa uma causa que passa por temas desde a maior participação dos negros, mulheres e índios na política até a legalização da maconha.

O grupo surgiu no início do ano passado sem ligação com nenhum partido em um primeiro momento. O objetivo inicial era o que eles chamam de “ocupar a câmara”, ou seja, dar mais espaço para a população nas decisões do município. Por questão de identidade com a sigla, eles se filiaram ao PSOL e hoje fazem campanha em conjunto com o discurso “votou em uma, votou em todas”. 

A opção de usar a frase no feminino, mesmo sendo um grupo composto por homens e mulheres, é proposital. “A nossa formação linguística é machista e heterossexual. Não me ofende ser chamado no feminino porque não concordo que exista hierarquia entre os gêneros. É por meio de pequenas atitudes como essa que podemos mudar a estrutura rígida que vivemos”, afirma Dú Pente, um dos integrantes.

A causa defendida por ele é a isonomia entre negros e brancos e por mais investimentos culturais na periferia. “Como negro e nascido na periferia sinto na pele o racismo e a exclusão. Eu luto contra um sistema que tende a marginalizar os negros. A periferia não precisa de guarda municipal armada. Precisa é de oportunidades”, diz.

A bandeira do fim do racismo é também levantada por Áurea Carolina que é cientista política e educadora popular. Ela defende também mais voz às mulheres. “Mas não dá para falar de direito das mulheres sem pensar em todos os outros assuntos defendidos pelos demais integrantes do grupo. Por isso, propomos um trabalho coletivo. Nesse momento em que conservadores têm se colocado com violência no espaço público é necessário que a gente reconstrua o campo popular de esquerda coletivamente”, afirma. 

É justamente seguindo a lógica de que todas as causas são importantes que, por exemplo, o Ed Marte opta por se vestir de maiô e manter a barba para defender das mais variadas questões como cultura e arte para todos e o que ele chama de cidade mais humana e amorosa”. 

Nome social

Mais humanidade se liga perfeitamente ao discurso da Cristal, que é uma negra transexual. O direito ao nome social das pessoas trans em todos os serviços públicos da cidade é uma das propostas apresentadas por ela.

Até mesmo a legalização da maconha tem espaço nesse debate com o candidato Dário. “A população carcerária cresce porque muitos usuários são presos como traficantes. Isso é uma desculpa para uma guerra contra os pobres, já que no Brasil somente moradores de periferia e negros são presos por drogas. E os traficantes estão soltos”, afirma. Ele acredita que a luta pela liberação das drogas deva começar no município para mobilizar a União. 

 Flávio Tavares 

Legalização da maconha – Dário: “A população carcerária cresce porque muitos usuários são presos como traficantes”

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