PSB terá convenção confusa com Lacerda e MDB diverge sobre apoiar o PT

Lucas Simões e Rafaela Matias
primeiroplano@hojeemdia.com.br
03/08/2018 às 21:59.
Atualizado em 10/11/2021 às 01:45
 (Lucio Bernardo Jr./Câmara dos Deputados)

(Lucio Bernardo Jr./Câmara dos Deputados)

Barganhando alianças até a última hora, os partidos em Minas deixam para esse fim de semana, prazo máximo estabelecido pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), as definições da corrida ao Palácio da Liberdade. Enquanto Marcio Lacerda (PSB) bate o pé para manter sua pré-candidatura, a executiva nacional do PSB trabalha para que o nome do ex-prefeito não seja votado na convenção de hoje. Em outra frente do balcão de negócios eleitoral, o MDB também vive clima de animosidade entre seus caciques e decide hoje se apoia ou não a reeleição de Fernando Pimentel (PT).

No núcleo pessebista, o presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira, dissolveu o diretório do partido mineiro nesta quinta-feira e afirmou que Lacerda “não será candidato a governador em hipótese alguma”. Com a manobra, uma Comissão Provisória foi instaurada sob a presidência de René Vilela (PSB), forte aliado do deputado federal Júlio Delgado (PSB), nomeado como secretário de articulação, e um dos mais ferrenhos opositores de Lacerda em Minas.

Interlocutores do PSB avaliam que Lacerda não terá a maioria dos 30 delegados na convenção de hoje, ao contrário do que o ex-prefeito previu. “Existem diretórios que estão inativos e vários delegados não poderão votar. Então, o Lacerda perderá apoio aí”, disse uma fonte do partido.

Renê Vilela informou que, até o fim da noite de ontem, ainda não estavam definidos o número de delegados aptos a votar. 

“Estamos fazendo uma revisão jurídica para ter um número exato. Mas, teremos uma revisão de delegados”, disse René. 

Fazendo frente ao próprio partido, a assessoria de Lacerda confirmou que o ex-prefeito vai participar da convenção do PSB.

Porém, mesmo que o nome de Lacerda seja aprovado como pré-candidato, Carlos Siqueira diz que vai manter a orientação de apoiar o PT e que não autorizará a candidatura de Lacerda. 

“A executiva nacional vai analisar (a pré-candidatura de Lacerda) e não vai aprovar. Inclusive, existem vários aspectos, como financiamento, que ele não terá acesso. Como será candidato sem dinheiro?”, disse Siqueira.

No ninho emedebista, a expectativa é de confrontos entre os caciques do partido hoje, durante a convenção. De um lado, parlamentares ligados a Adalclever Lopes vão defender a pré-candidatura do presidente da Assembleia. Após reunião da executiva estadual em Belo Horizonte, na última quinta-feira, com direito a troca de farpas entre os deputados federais Saraiva Felipe e Fábio Ramalho, o deputado estadual Iran Barbosa chegou a cravar a pré-candidatura própria do MDB. “Já foi batido o martelo e não vamos nem com PT nem com PSDB”, disse.

Rebatendo o colega, Ramalho, principal articulador da aliança com o PT, negou a decisão. Mesmo com alas petistas no Estado sendo contra a aliança com o MDB, a bancada federal emedebista aposta na aliança. “Não tem nada cravado. Eu creio que vamos aprovar o apoio ao PT porque não é nem questão de ter maioria (na convenção), é questão de sobrevivência”, disse Ramalho.

“A executiva nacional vai analisar (a pré-candidatura de Lacerda) e não vai aprovar. Inclusive, existem vários aspectos, como financiamento de campanha, que ele não terá acesso. Como será candidato sem dinheiro?”
 

PV faz mistério e diz que só anunciará apoio amanhã

Contrariando as expectativas, o Partido Verde optou por não anunciar o seu apoio a nenhum candidato durante a convenção da legenda, realizada ontem na Assembleia Legislativa de Minas Gerais. 

De acordo com o deputado Agostinho Patrus Filho, presidente estadual do PV, o momento é de incertezas e dificulta a escolha do nome que receberá o apoio do partido. “Seria prematuro escolhermos sem saber quem serão os verdadeiros candidatos. Nesta semana, um nome dado como certo se tornou uma dúvida por intervenção de seu partido no âmbito nacional”, disse, referindo-se a Márcio Lacerda, do PSB. Segundo Patrus, uma comissão será montada para definir até domingo a palavra final do PV. 

Sobre um possível apoio à terceira via mineira, representada por Lacerda (PSB) e Rodrigo Pacheco (DEM), o deputado foi evasivo, mas não descartou a possibilidade. “Nós estamos conversando. Tivemos na Assembleia durante os últimos 4 anos um posicionamento de terceira via, tanto durante o governo atual quanto durante a gestão de Aécio Neves e Anastasia”, afirmou. 

No âmbito nacional, o Partido Verde anunciou, na última quinta-feira, a união com a Rede. O ex-deputado Eduardo Jorge (PV) será vice-presidente da República na chapa de Marina Silva, que deverá ser anunciada oficialmente como candidata nesta sábado, durante a convenção da Rede, em Brasília.

Outras Indefinições
Além da indefinição no PV, PRB e Podemos também não cravaram os apoios, deixando as escolhas partidárias para esse fim de semana. Apesar de ambos os partidos alimentarem simpatia por Marcio Lacerda (PSB), com o pessebista praticamente fora do páreo, novas alianças podem surgir.

No Podemos, presidido pelo empresário e prefeito de Betim, Vittorio Medioli, há a chance de o partido debandar para um apoio ao pré-candidato do MDB, Adalclever Lopes, caso os emedebistas levem adiante a pré-candidatura própria ao governo de Minas. 

Porém, em um eventual apoio do MDB ao PT de Fernando Pimentel, que também será decidido hoje, o Podemos não aceitaria uma composição com os petistas e poderia ser atraído pelo projeto de terceira via encabeçado pelo democrata Rodrigo Pacheco.

Já no PRB, existe a chance de o partido assumir o apoio à pré-candidatura de Antonio Anastasia (PSDB), seguindo a posição nacional da legenda e do centrão, alinhado ao tucano Geraldo Alckmin. 

Porém, o presidente do PRB em Minas, deputado estadual Gilberto Abramo, disse que as definições só acontecerão na convenção da legenda, hoje.
 

SAIBA MAIS

Com a decisão, nesta semana, do Diretório Nacional do PSB de retirar o pré-candidato Marcio Lacerda da corrida ao governo do Estado, o nome do deputado federal Rodrigo Pacheco (Democratas) pode se firmar como a “terceira via” para o eleitorado mineiro contra uma polarização entre PT e PSDB nas eleições de outubro deste ano.

Pré-candidato do DEM à sucessão no Estado, Pacheco tem afirmado que não falta coragem para fazer, por exemplo, o enfrentamento contra “dinossauros da velha política”, candidatos consagrados, com máquina pública e com partidos públicos muito fortes. Tem enfatizado também a coragem para tomar as “decisões necessárias para colocar Minas no trilho do crescimento”.

Ao reafirmar recentemente a pré-candidatura ao Palácio da Liberdade, Pacheco garantiu que as conversas com outras legendas têm evoluído. Atualmente, o Avante, o PTC, o PP, além do Patriotas e do PRP fazem parte do arco de alianças em torno do nome dele, que preside o partido em Minas.

O democrata tem mantido o diálogo com as demais siglas de oposição, inclusive com o ex-prefeito de Belo Horizonte, Marcio Lacerda, cuja candidatura só será possível contrariando decisão do diretório nacional do PSB, num cenário de insegurança jurídica. 

Em entrevistas, Pacheco tem enfatizado que o “grande inimigo” à candidatura do DEM é o “Estado da forma como se encontra, com a falta de pagamento de salários em dia” e os municípios sem repasses constitucionais. (Da Redação)

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