Estudo com Cobaias

Cientistas descobrem que luz azul das telas pode causar envelhecimento das células

João Paulo Martins
joao.oliveira@hojeemdia.com.br
02/09/2022 às 17:17.
Atualizado em 02/09/2022 às 17:25

O uso excessivo de telas, como computadores e celulares, tem sido associado a vários problemas, incluindo obesidade e dificuldade para dormir. Agora, um estudo publicado na última quarta-feira (31) na revista Frontiers in Aging revela que, ao menos em cobaias, funções celulares básicas podem ser afetadas pela luz azul emitida por esses dispositivos, levando até ao envelhecimento precoce.

“A exposição excessiva à luz azul de dispositivos como TVs, laptops e telefones, pode gerar efeitos prejudiciais em uma ampla gama de células do nosso corpo, desde as da pele e gordura até neurônios sensoriais”, comentou a pesquisadora Jadwiga Giebultowicz, da Universidade Estadual do Oregon, nos EUA, principal autora do estudo, citada pelo site EurekAlert, da Associação Americana para o Avanço da Ciência.

“Somos os primeiros a mostrar que os níveis de metabólitos específicos – substâncias químicas essenciais para o funcionamento adequado das células – são alterados em moscas da fruta (drosófilas) expostas à luz azul. Nosso estudo sugere que evitar a exposição excessiva à luz azul pode ser uma boa estratégia antienvelhecimento”, aconselhou a cientista.

Em estudos anteriores, pesquisadores já haviam mostrado que as drosófilas expostas a esse tipo de luz “ativam” os genes antiestresse e que as moscas mantidas constantemente na escuridão viveram mais tempo.

Para entender por que a luz azul de alta energia é responsável por acelerar o envelhecimento nas drosófilas, os cientistas analisaram os níveis de metabólitos em moscas expostas à iluminação típicas das telas durante duas semanas e compararam os resultados com as que foram mantidas em completa escuridão.

A exposição à luz azul causou diferenças significativas nos níveis de metabólitos medidos nas células das cabeças das moscas. Em particular, descobriram que os níveis de succinato aumentaram, mas os de glutamato reduziram. Como mostra o EurekAlert, o succinato é um importante combustível para as células, além de favorecer o crescimento delas. Mas quando está em níveis elevados, não consegue ser entregue de forma correta.

Já o glutamato é responsável ​​pela comunicação entre os neurônios, portanto, pode ser um problema quando está em nível abaixo do normal.

Acelerando o envelhecimento
As mudanças registradas pelos cientistas sugerem que as células estão trabalhando menos e, por isso, podem morrer prematuramente, o que justificaria as hipóteses anteriores de que a luz azul pode acelerar o envelhecimento.

“Os LEDs se tornaram a principal iluminação em telas como telefones, computadores e TVs, bem como na iluminação ambiente. Com isso, os seres humanos são expostos à luz azul durante a maior parte das horas de vigília. Os componentes químicos usados nas células de moscas e humanos são os mesmos, então há potencial para efeitos negativos da luz azul em humanos”, explicou Jadwiga Giebultowicz.

O pesquisador esclarece ainda que eles usaram uma fonte de luz azul nas drosófilas bem mais forte que as que temos em nosso dia a dia, como as lâmpadas de LED. “Os danos celulares podem ser menos dramáticos. Os resultados desse estudo sugerem que pesquisas futuras envolvendo células humanas são necessárias para estabelecer até que ponto as células humanas podem apresentar alterações semelhantes nos metabólitos”, disse o cientista ao EurekAlert.

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