Perigo subestimado

Hipertensão não é alvo de controle para 6 a cada 10 mineiros com o problema

Cenário é atribuído a múltiplos fatores, como a alta dessas doenças crônicas causada pelo envelhecimento populacional

Da Redação
portal@hojeemdia.com.br
Publicado em 18/03/2024 às 07:30.
 (Freepik)

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Condição que pode desencadear de danos renais a ataque cardíaco, a hipertensão está fora de controle para seis a cada dez mineiros diagnosticados com o problema. Dados do programa federal Previne Brasil mostram que apenas 35% dos hipertensos no Estado tinham medido a pressão arterial nos últimos seis meses, critério essencial para o acompanhamento do paciente.

A estatística mineira refere-se ao terceiro quadrimestre do ano passado e é bastante próxima do índice do país – onde só 32% da população com hipertensão teve a pressão controlada no período considerado. Entre os estados, os melhores marcadores estão no Ceará (47%) e em Alagoas (45%), e os piores em Roraima (23%), seguida pelo Rio de Janeiro e Acre (ambos com 24%). 

O cenário é atribuído a múltiplos fatores, que vão desde a alta dessas doenças crônicas causada pelo envelhecimento populacional, aliada à falta de profissionais na atenção primária, até problemas de metodologia do sistema de informação do poder público. 

Alerta global
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a hipertensão arterial afeta um em cada três adultos em todo o mundo. No ano passado, a entidade publicou o primeiro relatório sobre os efeitos globais da pressão alta, incluindo recomendações sobre como combater esse problema, que chamou de “assassino silencioso”. 

Segundo o relatório, aproximadamente quatro em cada cinco pessoas com hipertensão não recebem tratamento adequado. No entanto, se os países conseguirem expandir a cobertura, 76 milhões de mortes poderão ser evitadas até 2050.

Embora a idade avançada e a genética possam aumentar o risco de hipertensão, fatores modificáveis como dieta com excesso de sal, falta de atividade física, obesidade, altos níveis de estresse e consumo excessivo de álcool também podem favorecer o quadro, ressalta o cardiologista Fernando Nobre, especialista em hipertensão arterial.

“A prevenção, a detecção precoce e o tratamento eficaz da hipertensão são algumas das intervenções mais econômicas na área da saúde e precisam ser priorizados na atenção primária”, frisa o médico.

De acordo com a OMS, o aumento no número de pacientes tratados efetivamente para hipertensão poderia evitar, além das mortes, 120 milhões de AVCs (acidente vascular cerebral), 79 milhões de ataques cardíacos e 17 milhões de casos de insuficiência cardíaca nos próximos 26 anos.

Diagnóstico preciso
Conhecida como Mapa, a Monitorização da Pressão Arterial de 24 horas é o que há de melhor para diagnóstico, tratamento e seguimento de pessoas com hipertensão, diz Fernando Nobre.

Ex-presidente da Sociedade Brasileira de Hipertensão e do Departamento de Hipertensão da Sociedade Brasileira de Cardiologia, ele é um dos introdutores do método no Brasil e autor de um livro sobre o tema, que já está na 6ª edição, tendo treinado mais de 10 mil médicos sobre o assunto.

“Geralmente, a Mapa é solicitada para confirmar ou descartar o diagnóstico de hipertensão, além de avaliar durante as 24 horas a eficácia do tratamento instituído”, explica.

Ainda de acordo com o cardiologista, a hipertensão arterial, por determinar praticamente o triplo da chance de doença renal crônica, AVC e o dobro de insuficiência cardíaca, infarto do coração e obstrução de artérias periféricas, deve merecer atenção de autoridades governamentais, sociedades médicas e médicos em geral.

“Não é boa prática deixar que uma doença que tem tanto impacto sobre a saúde com diagnóstico e tratamento de fácil realização seja menosprezada”, conclui.

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