'Segurança pública também é problema do município’, afirma candidato Rodrigo Pacheco (PMDB)

Tatiana Moraes
tmoraes@hojeemdia.com.br
24/08/2016 às 21:32.
Atualizado em 15/11/2021 às 20:32
 (Divulgação)

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Do mesmo partido de Michel Temer, o candidato pelo PMBD à Prefeitura de Belo Horizonte, Rodrigo Pacheco, afirma que possui trânsito em âmbito federal para trazer recursos para a capital mineira, caso Temer se confirme na presidência. Deputado federal, ele garante que vai ampliar de 1% para 3% o investimento em segurança pública na cidade. Questionado sobre de onde sairá o dinheiro, ele é enfático: “do corte de desperdícios”. Ainda segundo o candidato, os R$ 12 bilhões do orçamento municipal são suficientes para arcar com as necessidades da capital.

Pacheco é formado em Direito e também é empresário. Antes de entrar na política, em 2014, ele atuou como advogado, presidiu comissões, foi conselheiro da Ordem dos Advogados do Brasil Seção Minas Gerais da OAB nacional, onde atuou como conselheiro de Criminologia e Política Criminal da Secretaria de Defesa Social do Estado e como Auditor do Tribunal de Justiça Desportiva. Hoje, é primeiro vice-presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), da Câmara Federal.

Com mais de R$ 23 milhões declarados ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o candidato já investiu R$ 400 mil na campanha. Confira a segunda entrevista da série com os postulantes ao Executivo municipal realizadas pelo Hoje em Dia.

“O objetivo é preencher o tempo das nossas crianças. Quanto mais longe da rua, menor a exposição ao crime. Os moradores de rua também são uma prioridade”


Como você encara o problema da segurança?
Temos hoje falta de segurança pública, o que alarma a população. O meu compromisso como prefeito é acabar com o discurso de que a segurança é problema do Estado, é problema da União. Afinal, é problema também do município. E neste sentido nós vamos trabalhar em duas linhas. A da prevenção e a da repressão.

Como?
Na prevenção, vamos olhar de perto os menores infratores, os moradores de rua, os dependes químicos, o crime organizado. Mapeá-los para tirar crianças e jovens do poder dos criminosos. E isso nós faremos com política inclusiva, educação de qualidade, escola integral. Com tarefas de cultura, esporte e lazer. O objetivo é preencher o tempo das nossas crianças. Quanto mais longe da rua, menor a exposição ao crime. Os moradores de rua também são uma prioridade.

E o que será feito com eles?
Vamos tirá-los das ruas. Obviamente, há situações em que eles não querem sair. Mas temos que mostrar para essas pessoas que é possível ter uma vida digna. Elas estão em uma camada social que é a mais baixa, que não tem lugar para onde ir, não têm onde morar.

E a ideia é levar essas pessoas para onde?
Levá-los para abrigos públicos. Vamos criar um programa de governo para dar condições para que essas pessoas tenham um ofício, tenham um trabalho. Muitos deles já tiveram um trabalho, sabem desenvolver atividades. Se for tratada a dependência química e for desenvolvido um programa de assistência social completo e integral é possível uma nova vida.

Será construído algum lugar para levar essa pessoas?
Há muitos abrigos da própria prefeitura que podem ser usados. Também vamos usar parcerias com casas filantrópicas, como o Lar São Vicente de Paula. Vamos fazer uma força-tarefa para cuidar das pessoas que moram na rua hoje. E aí entram as pessoas que têm dependência química. Para elas, o tratamento é médico.

Para onde levá-los?
Precisamos levá-los para o centro de saúde mental de álcool e drogas da prefeitura, que já têm o equipamento, mas precisamos fazer com que funcione na plenitude. Então, são três elementos importantes ao combate da violência: projetos inclusivos para crianças, os menores infratores estão nesse rol, os moradores de rua, cuidar deles como prioridade. É muito triste ver essas pessoas, quando você está entrando em uma farmácia de madrugada e estão aquelas pessoas ali, dormindo em papelões. É uma situação indigna de sobrevivência. E o terceiro ponto são os dependentes químicos. <EM>

Seu projeto prevê melhoria de monitoramento e iluminação da cidade?
Sim. A ocupação dos espaços pelo poder público municipal, com iluminação, ambiente que seja agradável para as pessoas conviverem. Assim como o aumento do monitoramento do espaço público. O último dado apontava 1.138 câmeras em no Centro de Operações de Belo Horizonte. Vamos ampliar, principalmente nos centros de vulnerabilidade social. Aí entramos na área da repressão propriamente dita.

“Precisamos de políticas inteligentes. Matematicamente é possível investir naquilo que precisamos fazer”

Como?
Isso se faz com qualificação e integração da guarda municipal, que são 2,2 mil homens hoje (e pode ser ampliada), com a BHTrans, que é uma força de fiscalização, e cuja presença deve inibir a prática de crimes, da Polícia Miliar e a Polícia Civil, que são do Estado. Essa integração, usando a tecnologia e a inteligência de gestão vai inibir a criminalidade.

Há algum outro?
O mais importante, que é combater o desemprego em Belo Horizonte. Quanto maior o desemprego, maior a taxa de criminalidade. Precisamos criar ambiente de negócios na cidade. A pessoa que está trabalhando não está preocupada em cometer crimes. Temos o maior índice de desemprego maior dos últimos dez anos.

Você pretende ampliar o investimento em segurança pública?
Vamos triplicar o investimento em segurança pública. Hoje, gastamos 1%, mas vou ampliar para 3%.

O orçamento municipal está todo comprometido. Para ampliar o aporte em segurança pública, é necessário fazer cortes em outras áreas. Onde você pretende cortar?
Vou cortar no desperdício. É inconcebível que a prefeitura tenha apadrinhados políticos, desnecessários, no quadro de funcionários. Para cada funcionário desses, não concursados, que recebe R$ 10 mil por mês, são gastos R$ 120 mil por ano, sem contar benefícios, impostos, e outros. São gargalos de dinheiro mal utilizados. Imagine o que podemos fazer com o corte?

Como aumentar arrecadação?
Com arrecadação produtiva, promovendo o desenvolvimento econômico. Não aumentando o IPTU.

O que pretende fazer para que as escolas públicas voltem a ser referência no ensino?
A política conseguiu acabar com isso. Na minha cidade de origem, Passos, eu estudei em escola estadual. A escola era extraordinariamente boa. Uma pátria que não investe na educação está fadada ao insucesso. Temos que dar continuidade ao que foi feito nas gestões anteriores e tentar aperfeiçoar isso democratizando o acesso às Umeis e, quem sabe, fazendo com que possa haver condições para a própria classe média poder frequentar as Umeis. Para isso precisamos construir mais unidades nesse sistema de PPPs no qual ela foi concebida e melhorar a qualidade de alfabetização nas Umeis. Precisamos de pelo menos mais 70 unidades para conseguir as quase 200 necessárias para atender a população de Belo Horizonte.

Quais seus planos para a saúde?
Identificamos que o problema maior da saúde é o não funcionamento dos equipamentos que temos em BH. Temos 148 unidades básicas de saúde, 9 unidades de pronto-atendimento. Temos que fazer funcionar. Os equipamentos existem. Não podemos pensar em construir novas unidades antes de fazer funcionar as que já temos. Vou fazer uma saúde exemplar em Belo Horizonte, com a ajuda do Ministério da Saúde e o apoio do presidente Michel Temer. Eu tenho preocupação grande de fazer a saúde funcionar, assim como vou fazer com a educação. Porque isso é tripé da sociedade segurança, saúde e educação. Os R$ 2 bilhões de orçamento da prefeitura tem que servir para isso, porque se não servir para isso não precisa servir para outra coisa.

Como será seu olhar para as regiões além da Centro-Sul e do Vetor Norte?
Muito claramente, a minha prioridade são os locais de maior vulnerabilidade social que são as pessoas que mais dependem de política pública.

O que acha do aborto?
Em relação ao aborto eu sou adepto de se cumprir a lei atual do país. A lei proíbe o aborto salvo em casos que tem riscos para a mãe ou se decorrer de prática de estupro.

Não podemos pensar em construir novas unidades antes de fazer funcionar as que já temos. Vou fazer uma saúde exemplar em Belo Horizonte, com a ajuda do Ministério da Saúde e o apoio do presidente Michel Temer.

E da união homoafetiva?
Algo que tem ser amplamente debatido com a sociedade. É uma tendência mundial sobre o qual não há mais o que dizer. Quem sou eu para poder questionar o amor de alguém. Eu digo como cidadão que não interfiro no amor de ninguém, seja qual amor for.

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