Um totem para chamar de seu

Vanessa Perroni - Hoje em Dia
11/07/2015 às 10:11.
Atualizado em 17/11/2021 às 00:51
 (Ricardo Bastos/Hoje em Dia)

(Ricardo Bastos/Hoje em Dia)

O artista plástico Carlos Coelho admite: é um colecionador compulsivo – e revistas antigas são seu principal objeto de desejo. Mas o material que adentra sua casa não fica relegado ao limbo, à espera de traças. Junto a restos de madeira, capas de CDs, molduras antigas e caixas de papelão, as publicações dão origem a objetos artísticos, alguns dos quais serão mostrados ao público a partir desse sábado (11), na mostra “Totem”, na Carminha Macedo Galeria de Arte (até 8 de agosto).

O recorte é o primeiro momento de seu processo de criação. “Tenho revistas muito antigas. Separo todas por temas, para depois iniciar o trabalho”, conta Coelho, lembrando que todo o material que utiliza é presente de amigos. “Não compro nada”.

Questionamento

O grande questionamento do artista de 49 anos, nesta mostra específica, é quanto à massificação da fotografia, “que teve seu auge no século 20”. “Ressalto a imagem impressa. Sou do tempo em que não havia internet e as imagens eram mais raras. É um trabalho pré-Google”, esclarece o artista. Para ele, a fotografia em papel vai entrar em extinção. “Vamos ver imagens só em telas e projeções”, vaticina.

Para as obras, Coelho reuniu imagens de cinema, animais, paisagens e ícones do universo pop. “O totem é um objeto escultural utilizado desde os primórdios e, atualmente, muito utilizado pela publicidade. O que casa com o que quero passar para o público”.

Entre obras bidimensionais que remetem a paisagens, bolas que retratam o cinema e esculturas que trazem animais e uma pegada de pop art, a exposição cria uma narrativa. “Os temas conversam entre si. Acaba criando um diálogo entre humor, tragicomédia e pop arte”, considera.

Com grande carga figurativa, o artista dedica parte do trabalho a exaltar ícones pop, como na obra “Elke’s Dream”, homenagem à plural Elke Maravilha, que aprovou o resultado. “Não escondi que, quando conheci seu trabalho, foi encantamento total. Ela é diva”, frisa.

Elke ratifica. “Um trabalho lindo, o que ele fez. Essa colagem mostra várias ‘Elkes’. E eu sou assim, gosto de mudar. Espero ter uma oportunidade de ir a BH – essa cidade que gosto muito”, comentou a atriz.

Minucioso

Nomes do cinema e da moda ilustram, por sua vez, o totem “Venus Lace”: Marilyn Monroe, Debbie Harry, Linda Evangelista e Angélica Houston. “Também sou designer de estamparia. Como trabalho com moda, existe um certo fetiche por essas figuras. A Marilyn é muito explorada no universo pop”.

A construção das peças é um trabalho minucioso. E demorado. A base de muitas são a madeira e capas de CD, que ele cobre com massa corrida e, após a aplicação das colagens, com resina epóxi, que, ao endurecer, se torna vítreo.

“Totem” – Carminha Macedo (rua Antonio Angelo Cavanis, 420). Até 8/8. Segunda a sexta, das 10 às17h, e sábado, das 10 às 13h
 

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