Se a Citroën precisa agradecer a alguém no Brasil, esse alguém é o C4 Cactus. O SUV é o responsável por manter a marca de pé por aqui. E o SUV francês tem bons atributos para isso.

Depois de quatro anos de mercado, o C4 Cactus não mudou, mas não piorou. Num segmento em que grandes rivais saíram de linha, perderam versões ou ficaram caros além da conta, esse Citroën se mostra como uma boa opção para quem quer levar um SUV para casa.

De janeiro a maio, o modelo emplacou 7 mil unidades, segundo a Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave). Não se trata de um volume espantoso, mas que colocam o utilitário na 12º posição geral no segmento SUV.

Mas o que o C4 Cactus tem de legal? O modelo é oferecido com dois motores. A maioria das versões contam com unidade 1.6 de 118 cv, que tem boas respostas. No entanto, a cereja do bolo de SUV é seu motor THP 1.6 turbo de 173 cv e 24,9 kgfm de torque. Esse motor equipa a versão topo de linha Shine THP, oferecida por R$ 138.990.

Esse bloco é um velho conhecido das francesas Citroën e Peugeot. Ele está em linha há mais de 10 anos e até pouco tempo era o mais potente da praça, ficando atrás apenas do 1.5 turbo do HR-V e do recente 1.3 turbinado do Renegade.

Seu estilo peculiar não é uma unanimidade em aprovação, mas também não dá sinais de envelhecimento. O conjunto ótico em três níveis é uma invenção da própria Citroën com antigo C4 Picasso, bem antes da picape Fiat Toro.

Mas o SUV vai além do estilo diferentão e resolve bem como o automóvel da família.

Raio-x Citroën C4 Cactus Shine THP 1.6

O que é?
Utilitário-esportivo (SUV) compacto, de cinco lugares.

Onde é feito?
Produzido na unidade Porto Real (RJ).

Quanto custa?
R$ 138.990

Com quem concorre?
O C4 Cactus Shine THP concorre no topo do segmento SUVs compactos. Os rivais são Chery Tiggo 5x Pro, Chevrolet Tracker, Jeep Renegade, Hyundai Creta, Nissan Kicks, Peugeot 2008, Renault Captur, Renault Duster e Volkswagen T-Cross.

No dia a dia
O C4 Cactus é um automóvel projetado para uso urbano, mas habilitado para trafegar em “grama mal aparada”. Na cidade, o jipinho oferece bom comportamento devido ao excepcional conjunto mecânico. A posição de dirigir elevada garante boa visibilidade, apesar de a coluna C ser bastante larga.

O espaço interno agrada bastante e o utilitário transporta quatro adultos com bom conforto. O quinto passageiro vai apertado. O bagageiro de 320 litros segue a média da categoria. Se o espaço é bom, a qualidade do acabamento deixa a desejar pelo uso quase integral de plásticos duros. A exceção fica pela modesta faixa emborrachada no painel e por uma tira de tecido.

No entanto, não se pode negar que a montagem é boa, sem rebarbas ou peças mal encaixadas. A lista de conteúdos da versão também agrada. Ele conta com direção elétrica, ar-condicionado digital, multimídia com (câmera de ré, conexão Apple CarPlay e Android Auto, USB e Bluetooth). O que incomoda é o controle da ventilação na tela do multimídia. Uma função trivial que poderia ser executada com um botão precisa de vários toques na tela. O Cactus ainda oferece controle de estabilidade, seletor de tração por tipo de terreno, partida sem chave, retrovisores elétricos e bancos revestidos em couro.

Ele ainda oferece assistentes de condução, como alerta de colisão e aviso de saída de faixa. Faltam recursos mais modernos como controle de cruzeiro adaptativo (ACC) ou frenagem emergencial ou assistente de manobras, recursos que boa parte de seus rivais oferecem.

Motor e transmissão
O motor THP 1.6 de 173 cv e 24,9 kgfm de torque é o melhor do C4 Cactus. A unidade desenvolvida com a BMW e que já equipou a primeira geração do Cooper se nega a envelhecer. Ela tem respostas muito rápidas e o casamento com a caixa de seis marchas fazem deste Citroën um modelo bem mais ágil que o primo Peugeot 3008, que é mais pesado.

Como bebe?
Abastecido com gasolina, o C4 Cactus registrou média de 10,5 km/l num combinado entre trajeto urbano e rodoviário.

Suspensão e freios
A Citroën ficou famosa na Europa pela qualidade das suspensões. Por aqui foi o contrário, o C3 e o primo 206 jogaram a tradição na lama por conta da fragilidade. No entanto, o Cactus tem bom acerto de suspensão. Apesar de mais firme que os demais modelos da marca, o conjunto com sistema McPherson (dianteira) e eixo de torção (traseira) oferece bom conforto. Os freios utilizam discos nas quatro rodas.

Palavra final
O C4 Cactus Shine THP é um SUV interessante, ele não oferece refinamentos como teto solar panorâmico, cluster digital e nem mesmo assistentes de condução mais sofisticados. No entanto, é um carro que cativa pelo motor.