‘Vou tirar 2 mil jovens do crack e melhorar a segurança’, afirma Eros Biondini

Tatiana Moraes
tmoraes@hojeemdia.com.br
04/09/2016 às 21:21.
Atualizado em 15/11/2021 às 20:41
 (Lucas Prates)

(Lucas Prates)

Há dez anos na vida pública e disputando o comando da Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) em uma chapa “puro sangue”, o deputado federal pelo Pros Eros Biondini diz estar em sua melhor fase política. Mesmo com pouco tempo de TV, o belo-horizontino que ficou conhecido pelos programas de recuperação de dependentes químicos figura em quarto lugar na corrida eleitoral, próximo dos veteranos de BH. Formado em medicina veterinária pela UFMG, ele possui pós-graduação em Poder Legislativo e terá, caso eleito, os programas sociais como prioridade para mudar a realidade da capital mineira. O hospital do Barreiro, segundo o candidato católico, seguidor do papa Francisco, começará a funcionar no primeiro ano de mandato. A redução de impostos para empresas de TI é outra proposta. Confira a quinta entrevista realizada pelo Hoje em Dia com os candidatos à PBH.

Por que investir no social?
Porque a política social é capaz de mudar toda uma cidade e a que está em vigor é ineficaz. Basta olhar a quantidade de pessoas que moram nas ruas, aumentando a insegurança. Mais de 2,5 mil usam crack diariamente de forma compulsiva em BH. Basta olhar a falta de apoio às instituições que dão suporte às políticas sociais. Basta olhar a dificuldade que a população tem para acessar políticas básicas. Um exame, por exemplo, uma cirurgia, um atendimento de saúde. A insegurança das pessoas é assustadora. Todos têm medo de sair de casa. Tudo isso é reflexo de uma política social que não funciona.

Como resolver este problema?
Com uma política integrada. Primeiro, temos que trabalhar o acesso da população às políticas básicas. É importante investir nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) e ajudar a população a entender que é necessário procurá-las para prevenção e acompanhamento. Hoje, a sociedade pula essa etapa e vai para a Unidade de Pronto-Atendimento (UPA) ou hospitais, que ficam lotados.

“Para melhorar o trânsito, proponho o compartilhamento dos táxis com passageiros na faixa exclusiva. Carro com 4 passageiros também poderá usá-la em alguns horários”

Por que?
Além de faltar informação, quando o cidadão vai ao posto de saúde existem vários problemas. Faltam médicos, medicamentos, materiais. Então, a pessoa não quer voltar. Ela quer ir direto para a UPA, mesmo que seja um problema momentâneo.

E tem recursos suficientes?
Sim, recursos tem. São ações que podem ser corrigidas com gestão e tempo. Não vamos gastar absolutamente nada e muito menos permitir qualquer tipo de desvio. O que se investe hoje é mais do que o preconizado por lei. Com esse valor é possível, sem desperdício, sem descontrole, promover um atendimento de qualidade, principalmente nos centros de saúde, que precisam tanto. É totalmente possível não deixar faltar vacinas, materiais, medicamentos e a presença de um médico. Mas uma coisa é interligada com a outra.

Explique melhor, por favor.
O hospital do Barreiro, por exemplo, precisa definitivamente entrar em funcionamento. Já se passaram oito anos e se ele foi construído e é tão importante, precisa funcionar. Ele foi pensado, planejado. Precisa começar a funcionar no primeiro ano do meu mandato, caso eu seja prefeito.

Quais os planos para a segurança?
A segurança também pode dar uma grande guinada. Nós podemos reforçar a Guarda Municipal com mais qualificação e mais equipamentos e aumentar o número do efetivo, que está abaixo do ideal. Vamos trabalhar em parceria com a Polícia Militar. O prefeito é o grande responsável pela segurança. É nas cidades que as pessoas são assaltadas.

“Quero recuperar pelo menos 500 jovens por ano. Tem 2,5 mil jovens no crack hoje. Ao final dos quatro anos, dois mil jovens serão recuperados das drogas”

Onde os policiais militares podem atuar?
Quero, por exemplo, que os policiais militares que estão no Proerd (Programa Educacional de Resistência às Drogas), que é o melhor programa de prevenção do país, estejam em todas as escolas municipais para ministrar cursos de cidadania, prevenção às drogas e disciplina. Vamos mudar uma geração inteira auxiliando a escola municipal. Eles já executam esses cursos, vamos levá-los para as escolas, para todas as escolas municipais.

É possível que haja estes programas sem ampliar o investimento?
É possível. Nós podemos usar os cadetes, como foi usado na Olimpíada. Existem cerca de mil cadetes que estão se formando. E eles são totalmente capacitados para ajudar as crianças. Sem onerar a prefeitura. Mas também vamos investir em outros aspectos, como iluminação e monitoramento por meio do Olho Vivo e inserção de unidades móveis da PM em todas as regiões.

Como será a recuperação dos jovens?
Quero recuperar pelo menos 500 jovens por ano. Tem 2,5 mil jovens no crack hoje. Ao final dos quatro anos, 2 mil jovens serão recuperados das drogas. Isso, associado a todos os outros aspectos do meu programa, como o maior efetivo nas ruas, não há como não darmos uma guinada na segurança da cidade. Hoje, está provado que 80% das pessoas cometem crimes por causa da droga. Ou para comprar a droga, ou pelo efeito da droga. Eu já usei drogas na minha adolescência, passei por isso, fiz dessa causa a minha missão de vida, e sei muito bem como recuperar os jovens.

Quais os projetos para educação?
Precisamos ouvir mais os professores e os profissionais da educação. Sou filho de professores. Conheço a realidade. Temos que valorizá-los, aumentar a remuneração. Chamo o meu programa de Educação de Primeira. Porque, em todos os aspectos, eu gostaria que BH fosse a capital número 1 em educação ao final dos meus quatro anos de mandato. Nisso, inclui a qualidade do ensino e a preparação das crianças e jovens para o futuro.

Como será a sua gestão para melhorar o trânsito?
O problema do trânsito afeta todas as regiões de BH. Na periferia, as pessoas não conseguem um transporte de qualidade para chegar ao BRT. E para este aspecto, para melhorar o tráfego, eu proponho o compartilhamento dos táxis com passageiros na faixa exclusiva do transporte público. Carro com quatro passageiros também poderá usar em determinados horários. Assim, nós vamos aliviar em torno de 20% a retenção e vamos dar mais fluidez ao trânsito. Isso é simples e totalmente possível. Vai melhorar, inclusive, o comércio.

Como?
Os principais corredores de trânsito estão estrangulados. Parte do comércio foi totalmente prejudicada. Os próprios comerciantes dizem que o trânsito e a falta de estacionamentos “mataram o comércio”. Isso aconteceu na Santos Dumont, na Paraná, na Caetés, na Savassi, e tem que mudar. Vamos aumentar o número de estacionamentos. É um equívoco achar que tirando os estacionamentos as pessoas não irão para o centro de carro. Elas vão de carro e ficam rodando procurando vaga. Ou estacionam em local proibido.

Como serão os estacionamentos?
Por meio de parceria público-privada vamos construir estacionamentos verticais e subterrâneos. Nas estações principais do Move e BRT haverá estacionamento subsidiado para motocicletas, bicicletas e carros para que os vários modais possam se relacionar. Quem mora perto da estação do Move poderá ir de bicicleta. Não vai ficar oneroso para ninguém e o trânsito irá fluir. Outro projeto que tenho é o monotrilho. Já existe estudo de ligar Confins à Savassi em quatro anos. Se bem conduzida a licitação, esse trajeto pode ser entregue. E da Savassi a distribuição será por meio do BRT.

E o metrô?
A linha que vai até o Barreiro é a que deve ser priorizada. Já tem terraplanagem, já existem trilhos. Outra coisa importante é a sinalização. A sinalização de Belo Horizonte é precária, você não sabe onde vai virar, como vai chegar. É uma reclamação geral. Vamos melhorar a sinalização para que as pessoas tenham, inclusive, rotas alternativas.

Você pretende aumentar algum imposto?
Pelo contrário. O comércio hoje está muito desvalorizado. Primeiro, por causa de uma fiscalização muito mais punitiva do que educativa. Na minha gestão não será assim. Aquele que gera emprego e renda tem que ser ajudado. Eu chamo de “gestão colaborativa”. E vou incentivar a vocação de BH para empresas de tecnologia, reduzindo os impostos delas.

Quais as propostas para a cultura?
BH é o maior celeiro de cultura e artes do Brasil. Aqui moram 14 Bis, Milton Nascimento, Jota Quest, Skank, Tia Anastácia, Pato Fu, Grupo Corpo, Galpão... Em qualquer lugar do mundo, quando você vai a um congresso já tem atrações para depois. Em BH não haverá um dia ocioso.

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