Editorial.

A hora do desespero

18/04/2016 às 22:40.
Atualizado em 16/11/2021 às 03:01

O Palácio do Planalto e o Partido dos Trabalhadores buscam traçar estratégias e criar mobilização social na tentativa de reverter o prognóstico negativo de cassação do mandato da presidente Dilma Rousseff, que agora está para travar uma segunda batalha contra o impeachment, desta vez no Senado.

A oposição estima que seja possível angariar entre 45 e 50 votos de um total de 81 senadores, uma vitória como a conquistada na Câmara dos Deputados no domingo. Neste cenário, a executiva nacional do PT convocou reuniões para pensar no que pode ser feito. Caso o processo seja instaurado após a votação no Senado, a petista deixará o cargo, e dará lugar ao vice-presidente.

Ontem, Michel Temer passou o dia reunido com diversos “candidatos” a ministros, e o peemedebista quer nomes de peso principalmente nas áreas econômica e social. Armínio Fraga e Henrique Meirelles estão cotados.

O ex-ministro Eliseu Padilha é outro nome dado como certo em um futuro governo Temer. Padilha é tido nos bastidores como “fiel escudeiro” do peemedebista. Moreira Franco, ex-ministro da Aviação Civil no governo Dilma, é outra cabeça que deve compor o ministério de Temer, caso venha a acontecer um governo dele.

Porém, apesar de apostar todas as fichas em uma possível derrota de Dilma no Senado, Temer precisa se preocupar com outra questão, a popularidade. No domingo, foi possível perceber nos discursos de muitos deputados federais e nas entrevistas dadas às TVs pelos manifestantes que lotaram diversas avenidas e praças por todo o país que a rejeição não ocorre apenas na direção da petista, mas também com relação ao peemedebista.

Uma pesquisa da Datafolha realizada em São Paulo nas manifestações pró e contra o impeachment ocorridas no domingo mostrou que ambos os lados não concordam com a posse do vice-presidente. Mais da metade dos entrevistados afirmou que o processo de cassação deve ser direcionado também a Temer. A maioria (68%) acredita que a gestão dele deve ser ruim ou péssima.

Sem tempo para ressaca da votação na Câmara, nos próximos dias, será costumeiro assistir ao desenrolar das articulações do PMDB, do prosseguimento do processo de impeachment no Senado e, sobretudo, da luta do PT e do Planalto para sobreviver no poder e permitir que Dilma Rousseff continue como presidente da República.

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