Quem acompanha as reportagens publicadas pelo sabe que temos cobrado dos governos ações para impulsionar investimentos que podem criar novas oportunidades de trabalho e de ganho de renda para a população. Também temos criticado constantemente a demora em se efetivar melhorias anunciadas por programas que prometem bilhões em investimentos, mas que, passado certo tempo, a maioria das obras nem chega a começar.
A atitude do governo federal de retomar obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) pode parecer, em uma primeira análise, aquele empurrãozinho tão cobrado. Mas está bem pouco longe disso.
A iniciativa é significativa em quantidade de obras, mas não em volume de recursos, muito menos em importância das intervenções. Limitando os repasses a R$ 10 milhões por obra, poucos problemas estruturantes estarão mesmo sendo atacados.
Não estamos aqui menosprezando as necessidades locais, como a recuperação de casarões históricos ou as obras de saneamento em vilas. Mas se imaginava que, como o Brasil precisa neste momento de retomar crescimento para sair desse buraco, algumas iniciativas que realmente solucionem gargalos e reduzam gastos de empresas seriam priorizadas.
Modernização de entrepostos, melhorias de estradas importantes ou ativação de linhas férreas metropolitanas para baixar o custo de passagens para trabalhadores são algumas dessas iniciativas que poderiam ser contempladas, mesmo com recursos escassos.
A justificativa do governo é que um número maior de obras abriria quantidade grande de postos de trabalhos. No entanto, investimentos em áreas mais importante economicamente podem evitar o fechamento de mais vagas e resultar até em um crescimento de empregos consolidados, a médio prazo.
Mais uma vez, o governo opta por um caminho mais fácil e cômodo, com menos riscos de ser criticado e com mais municípios na mira para uma possível justificativa de que está fazendo algo. Ou seja, nada de novo em relação à velha prática da política brasileira.
Para um governo que se elegeu criticando os erros da antiga gestão e prometendo mudança significativa, é muito pouco para alimentar a esperança de que algo realmente mudará.