Editorial.

A primeira eleição da internet

26/07/2016 às 12:30.
Atualizado em 15/11/2021 às 20:01

As eleições deste ano apresentam muitas novidades para o eleitor brasileiro. Na área das normas, o período de campanha foi reduzido drasticamente, os limites de gastos foram estipulados e reduzidos em relação ao valor declarado pelas campanhas em 2012, além da proibição da doação de dinheiro por parte de pessoas jurídicas. Ontem, o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Gilmar Mendes, declarou que todas essas mudanças são um mergulho no escuro, e que essas eleições serão uma espécie de piloto para uma reforma.

Com tantas restrições e alterações, marqueteiros e demais integrantes de partidos terão o desafio de fazer campanhas de forma praticamente inédita, com poucas referências em livros de marketing.

Nesse quadro, o investimento em internet se mostra um caminho quase que obrigatório para as siglas. A conectividade entre as pessoas pela rede mundial de computadores já é bastante presente na vida do brasileiro há muito tempo. No entanto, até hoje, essa ferramenta não caiu nas graças dos marqueteiros oficiais de campanha.

Nas duas últimas eleições até que houve um aumento de materiais para esse tipo de mídia, no entanto, a maior parte das produções que fizeram sucesso era de paródias e vídeos engraçados, buscando mais desconstruir candidaturas adversárias do que de promoção de um determinado candidato.

Como de costume, o Brasil está bem atrasado. Nas eleições presidenciais de 2008 nos Estados Unidos, os candidatos já utilizavam a internet não só como forma de interação com o público para apresentar e discutir propostas, mas também como forma de arrecadação de fundos para as duas campanhas. A esmagadora maioria dos recursos dos partidos durante a disputa nos EUA vem justamente de doações por sites.

E nesse ponto é que a internet poderá ajudar bastante os partidos a buscar alternativas para arrecadação, e ao TSE de alcançar o objetivo de reduzir os gastos das campanhas e equilibrar mais a disputa.

Mas não é tão fácil. Os marqueteiros terão que enfrentar uma enorme descrença da população na classe política, principalmente após os grandes escândalos de corrupção envolvendo as principais legendas do país. Além disso, ninguém sabe ao certo o comportamento do eleitor-internauta para adesão de propaganda eleitoral pela internet.

E ainda há um componente maior: a crise econômica. Sem os recursos das empresas, será que o brasileiro será sensibilizado e convencido pelos partidos a tirar dinheiro do bolso e entregar a uma campanha eleitoral em tempos de inflação?

As eleições deste ano serão um teste para todos os envolvidos, e quem tiver as melhores ideias pode se dar melhor e virar referência para todas as campanhas daqui pra frente no país.

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