Editorial.

Abrir mão de R$ 1,4 milhão, nem pensar!

Publicado em 12/10/2016 às 16:31.Atualizado em 15/11/2021 às 21:12.

Quem acompanha a situação do patrimônio histórico em Minas Gerais sabe que muitas das nossas construções estão em péssimo estado de conservação. Não faz muito tempo que mostramos aqui igrejas e casarões fechados nas cidades de Ouro Preto e Mariana, por falta de verbas para a realização de restaurações. 

Das mais de 100 obras previstas, apenas duas foram concluídas pelo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) paras as Cidades Históricas. Essa situação mostrou como é difícil que o governo federal libere dinheiro, apesar de toda a propaganda do PAC, para que as obras previstas sejam realizadas. 

Mas o leitor vai saber pelo Hoje em Dia que há um caso de restauração em que dinheiro do PAC não é problema, mas mesmo assim a obra não é feita e não há uma previsão de quando ela vai começar. A Igrejinha da Pampulha, recém-reconhecida com patrimônio da humanidade pela Unesco, possui graves problemas de conservação, tem projeto para resolvê-los, recursos garantidos, mas nada sai do papel. A espera pela reforma ocorre desde 2013.

O que falta? Caro leitor, fizemos todo o esforço possível para descobrir, mas, sinceramente, não sabemos. Para a prefeitura, está tudo certo em relação à burocracia e o dinheiro está garantido. Já a arquidiocese, dona do imóvel projetado por Oscar Niemeyer, não conseguiu nos explicar o motivo do cronograma das obras não ter sido definido. 

É um “disse me disse”, nota oficial que não explica nada, noivas que não falam... Todo esse mistério só levanta ainda mais suspeitas de que algo não está ocorrendo como deveria em uma situação normal. 

Problema maior é se o prazo  extinguir e a verba de R$ 1,4 milhão ser devolvida à União, que deve estar doida para recolocar a mão no dinheiro para gastar, talvez, com outra coisa que não seja patrimônio histórico de Minas. Pior devem ficar as outras cidades com igrejas seculares fechadas à espera de recursos. Imaginamos que esse montante seria a salvação para muitas construções pelo Estado. 

Por respeito ao povo de Belo Horizonte e de Minas, essa situação precisa ser revolvida o mais rápido possível. Seria um atestado de incompetência gigantesco a perda desses recursos. Mais que um pecado, uma vergonha para a cidade. 

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