Como comentamos aqui na edição do último sábado, reduzir o preço da gasolina somente não seria uma garantia de que o preço abaixaria, apesar da Petrobras estar praticando valores acima dos preços mundiais. Naquela oportunidade comentamos que estaríamos, a médio prazo, reféns dos ânimos pouco previsíveis de xeiques árabes e bilionários russos, que comandam os maiores estoques de petróleo, para saber quanto gastaríamos para encher o tanque no dia seguinte. Mas o que o motorista percebeu nos últimos dias que antes dos palacetes em meio a oásis nos desertos, o preço da gasolina também é influenciado pelos nossos empresários.
Em Belo Horizonte e nos principais Estados do país o preço da gasolina nas bombas aumentou, ou no máximo ficou igual, mesmo com a redução anunciada pela Petrobras. Os donos de postos culpam as distribuidoras que afirmam que a redução de 3,2% na gasolina ocorreu ao mesmo tempo em que o preço do álcool aumentou 4,8%. Como o nosso etanol é misturado na gasolina (sim, aqui no Brasil a adulteração de combustível é legalizada), um reajuste “anulou” o outro.
Não precisa ser um grande matemático para saber que algo não está certo – e não é solvente. Como o aumento de um produto que é usado em cerca de um quarto da mistura pode anular uma redução de um elemento responsável pela composição de 75%.
Está claro que alguém está se aproveitando para fazer dinheiro ou reduzir perdas. Ou então, a Petrobras vendeu algo que não é real. Enquanto isso, mais uma vez quem paga, e mais caro que a média do resto do mundo. Cabe aos responsáveis pelo controle desse mercado investigar quem não está fazendo a conta correta.
Assim como no que diz respeito aos juros, que ninguém consegue explicar como temos taxas reais tão acima dos níveis mundiais, o mistério do preço da gasolina precisa ser esclarecido o quanto antes para que o novo modelo adotado pela Petrobras, de definir os valores dos combustíveis de acordo com as variações de mercado, seja distorcido do sentido original e não se torne mais uma maneira de tirar mais dinheiro da população.
Antes dos xeiques e dos russos, temos que nos preocupar com quem tem o controle bem perto de nós.