Editorial.

Aumento de custo para manter retomada

Publicado em 21/07/2017 às 19:10.Atualizado em 15/11/2021 às 09:41.

Os consumidores brasileiros foram surpreendidos duas vezes em menos de 24 horas com o aumento repentino e bastante significativo nos preços dos combustíveis determinado pelo governo federal. Poucas horas após o anúncio do reajuste, a segunda surpresa: postos já praticavam o preço com a alta, mesmo ao comercializar produtos que estavam estocados.

A justificativa do governo é que o reajuste “foi necessário para manter a trajetória de crescimento da economia”. É de se estranhar, já que o setor de combustíveis afeta todas as cadeias produtivas que precisam de transporte para comercializar seus produtos (na verdade, quase todo mundo). 

Uma alta tão grande poderá inclusive retardar a retomada do crescimento, já que esses custos vão constar na planilha dos empresários na análise de um investimento futuro. Para quem sofre maior influência do preço dos combustíveis nos seus custos, os planos de expansão, se ainda existiam, foram descartados agora, certamente. 

Parece que o governo está mais interessado em cumprir a segunda parte da justificativa, que é “a preservação do ajuste fiscal”. Em outras palavras, o consumidor foi “chamado”, mais uma vez, a pagar as contas de um governo ineficaz (Vamos ser justos, não é de hoje que essa prática é usada). 

Outra situação que repercutiu ontem, foi o fato de os proprietários dos postos de combustíveis já aumentarem o preço nas bombas, mesmo com estoques adquiridos na cotação antiga. Bem, cada empresário sabe onde o calo aperta, e o reajuste na véspera da última semana das férias de meio de ano também abriu oportunidade para a prática. 

A lição que tiramos é que todos reclamam que o governo é cruel com os respectivos setores, mas quando há oportunidade de serem solidários, muitos não pensam duas vezes em garantir, primeiro, o seu ganho; exatamente o mesmo comportamento que se dizem vítimas. 

É de se elogiar, portanto, a atitude de proprietários que mantiveram preços baixos até o fim de seus estoques, que pode não ser o mais rentável, mas é o melhor para o cliente. E podem apostar que o motorista que ontem conseguiu encher o tanque do carro no preço antigo já sabe qual local procurar para os próximos abastecimentos. 

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