Editorial.

Avião não é só para turista

06/08/2016 às 23:36.
Atualizado em 15/11/2021 às 20:13

Um dos setores que mais simbolizou o crescimento econômico recente do Brasil foi o da aviação civil. Aeroportos lotados de passageiros e aviões cada vez maiores e mais cheios foram ficando cada vez mais comum no país. A grande movimentação dos terminais, apesar de mostrar uma falta absoluta de estrutura, era até usada por defensores do governo para exemplificar o aumento de renda do trabalhador, que o permitiu andar de avião. 

Quem circula com uma frequência maior pelos aeroportos brasileiros já vinha percebendo aquilo que um levantamento feito pela Agência Brasileira das Agências Aéreas (Abear) já constatou: uma queda no número de pessoas circulando pelos terminais. Até agora, foram quase 500 mil viagens a menos do que no mesmo período do ano passado. 

Só que ao contrário do que se possa imaginar, a população não deve esperar uma redução de preços para atrair mais passageiros. Segundo especialistas, o que as empresas fazem primeiro é cortar o número de voos, reduzindo a quantidade de assentos nos aviões que ligam cidades maiores, ou deixando de atender algumas regiões com menor demanda. A medida visa, além de economizar no custeio das empresas, o aumento das passagens, já que a oferta de assentos será menor. 
Esse fato tem ainda mais impacto nas empresas, pois ao contrário do que a maioria pensa, não é o turismo que mantém a aviação comercial. A maioria das passagens é vendida para empresas ou pessoas a trabalho, que circulam principalmente nos dias úteis. 

Milhares de empresas romperam os limites do seu município e atuam longe de suas localidades, até em outros Estados. Por isso, se locomover rapidamente entre duas cidades deixou de ser supérfluo e passou a ser essencial para essas empresas. Um aumento nesse custo pode inviabilizar serviços, fazendo com que essas empresas percam competitividade e clientes. 

O que fazer? É preciso ter algum incentivo governamental, como já ocorreu em outros setores. Um exemplo é do combustível de aviação, que corresponde a 38% dos custos das empresas. Subsidiar parte dos assentos para alguns trechos menos concorridos é outra opção par anão evitar o corte de alguns trechos. 

Isso tem que ser discutido e feito rapidamente, antes que o setor deixe de cortar voos e passe a cortar postos de trabalho. 

“Esse fato tem ainda mais impacto nas empresas, pois ao contrário do que pensa a maioria, não é o turismo que mantém a aviação. A maioria das passagens é vendida para empresas ou pessoas a trabalho”

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