Editorial.

Bebidas falsificadas e a triste "Lei de Gerson"

04/10/2018 às 00:12.
Atualizado em 10/11/2021 às 02:47


Já se passaram praticamente quatro décadas desde que o ex-jogador Gérson, campeão mundial no México, em 1970, disse a famosa e infeliz frase em uma propaganda de cigarros. Contudo, a “lei” que o craque involuntariamente criou, segundo a qual “o importante é levar vantagem em tudo”, segue, até hoje, como uma das mais praticadas no país.

Fatos não faltam para comprovar tão trágica realidade. Corrupção, desvios de recursos públicos e crimes de toda natureza estão presentes constantemente na mídia e no dia a dia de qualquer cidadão, corroborando a máxima lançada pelo ex-atleta. 

São provas de que a esperteza, no sentido mais negativo que o termo possa ter, a irresponsabilidade e a maldade ganham preponderância crescente na cultura nacional, para desespero dos que ainda acreditam ser possível construir um país melhor, mais justo e honesto. 

Notícias como a divulgada nesta edição, que relata a ação de bandidos dedicados a falsificar bebidas na capital, são, obviamente, parte desse todo.

A polícia desbaratou na região metropolitana, esta semana, a quarta quadrilha do ano especializada na adulteração de cervejas. O grupo trocava rótulos e tampas de garrafas de marcas baratas para fazê-las se passar por outras, mais caras, ludibriando consumidores e fazendo o que no mundo da bandidagem convencionou-se chamar de “dinheiro fácil”. 

A “fábrica” funcionava em Contagem e chegava a produzir 500 unidades por dia, distribuídas entre diversos estabelecimentos. Em outras três ocorrências em 2018, em fevereiro, abril e agosto, bandidos com o mesmo modus operandi foram identificados na Pampulha, também em Contagem e no Centro de BH.

Há dois anos, levantamento divulgado pelo Sindicato das Indústrias de Cerveja e Bebidas em Geral do Estado de Minas (SindBebidas) apontava que nada menos que 80% dos bares e restaurantes da capital fariam a comercialização de produtos falsos. 

O número já reforçava a necessidade de ampliação da fiscalização e de maior emprego das forças policiais em casos do tipo, para reduzir a absurda enganação sofrida por inocentes clientes diante de malfeitores cujo objetivo é, mais que qualquer outro, levar vantagem em tudo. 
 

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