Ser prefeito hoje é umas das tarefas mais difíceis no país. Principalmente em cidades menores, imensa maioria no Brasil e em Minas, que sofrem ainda mais com a queda vertiginosa de arrecadação nos últimos anos. Haja criatividade e capacidade de gestão para sobreviver aos próximos quatro anos tendo as mesmas obrigações com menos dinheiro para fazê-las.
Por isso, ações como o Congresso de Prefeitos Eleitos, promovido pela Associação Mineira de Municípios (AMM) a partir de hoje, em Belo Horizonte, são importantíssimas. Nela, os eleitos poderão trocar informações com outras administrações e debater com especialistas em gestão pública os caminhos mais corretos para quem assumirá, sem dúvidas, cidades com muitas demandas e caixa vazio.
Temos vários prefeitos com ideias novas, modernas, mas sem experiência com a coisa pública e com as negociações que precisam ser feitas, de maneira legal, para a conquista de recursos junto a Estados e o governo federal.
Encontros como esses também são boas oportunidades para que os prefeitos se articulem e se fortaleçam para reivindicar uma mudança radical na distribuição de tributos arrecadados junto ao contribuinte. Cerca de 70% do que se arrecada ficam nas mãos da União, deixando as cidades, que é onde o cidadão mora, trabalha e enfrenta os problemas do dia a dia, com uma parte menor.
Há anos a lógica está invertida, mas pouco se fez para se mudar isso. O motivo está na influencia política. Quem está no comando do governo federal tende a privilegiar os correligionários na distribuição de recursos, distribuídos por meio de convênios. Muitas vezes a obra que chega ao pequeno município nem é tão prioritária, mas o prefeito acaba cedendo à oportunidade de aparecer na foto ao lado do presidente ou governador. A situação é boa desde que um aliado está sentado na principal cadeira do Palácio do Planalto. Seria melhor que mais repasses de recursos sejam feitos e que os prefeitos e a população decidam onde usá-los.
O momento é propício para mudança, com vários prefeitos estreantes, vereadores jovens e com a população dando sinais de que se cansou da velha política. E se os prefeitos das 853 cidades mineiras se mobilizarem certamente serão ouvidos e as reformas necessárias serão aceleradas.