Que o país está parado diante de uma crise política sem precedentes, todo mundo percebe. É visível que a crise econômica encontra alimento na dicotomia que reina no país. Diante de um governo federal em constantes questionamentos políticos e jurídicos, a economia sofre consequências. Nessa segunda-feira (21), o baque nas finanças da Petrobras, protagonista da Operação “Lava Jato”, também foi destaque no noticiário. O prejuízo de R$ 34,8 bilhões é o atestado de comprometimento da maior estatal brasileira. Como não faltam más notícias, o Banco Central divulgou o Relatório de Mercado Focus com a projeção do Produto Interno Bruto (PIB) para este ano com encolhimento de 3,6%.
Mas há outro fator colaborando para a apatia do país. A palavra “apatia” pode soar estranha diante das turbulências no dia a dia da República, mas ela se refere às decisões efetivas dos Poderes, à aprovação de projetos de médio e longo prazos que poderiam colocar o país nos trilhos do desenvolvimento. Fato é que o Congresso Nacional tem tido atuação política intensa, mas pouca produção legislativa. A aprovação da CPMF – desejada pelo governo para injetar dinheiro no serviço público –, e da Desvinculação de Receitas da União (DRU) só ocorrerá quando a questão política for solucionada. O ajuste fiscal fica à deriva. Só dez leis ordinárias foram aprovadas neste ano. Enquanto o impeachment da presidente Dilma Rousseff e o processo de cassação do presidente da Câmara, Eduardo Cunha, dominam os debates, as medidas capazes de amenizar a crise econômica ficam em segundo plano e os deputados e senadores não respondem à sociedade por que isso ocorre. Não seria possível se dissociar as duas coisas? Não seria possível aprovar medidas de efeito financeiro ao mesmo tempo em que se discute o futuro político do Brasil? Os parlamentares consideram que não. Sendo assim, o risco já é de depressão econômica e, ajuste fiscal, só no segundo semestre.
A única notícia boa do dia veio para os estados, contemplados pelo Ministério da Fazenda com alongamento das dívidas em 20 anos. Os mais endividados poderão receber ainda desconto de 40% nas parcelas. Em três anos, os governos estaduais poderão deixar de pagar R$ 45 milhões. O ministro Nelson Barbosa reconheceu ser tempo de amenizar as cobranças, pois dinheiro está difícil para todo mundo.