Parece que, apesar de todo brasileiro saber que o país tem em suas bases a corrupção, talvez desde os tempos da Coroa quando "os amigos do Rei" eram os beneficiados, nunca se viu tantas operações contra esse mal que corrói as nossas instituições como agora.
Alguns anos se passaram enquanto assistíamos as notícias do Mensalão, das prisões de Marcos Valério e de tantos outros envolvidos naquele que, à época, era o maior esquema de corrupção já descoberto pela polícia brasileira.
No entanto, quando a Operação “Lava Jato” foi deflagrada, fomos surpreendidos com a revelação de um esquema tão bem montado que impressionaria qualquer cineasta de Hollywood à procura de um bom roteiro para filmar.
Junto à divulgação e os desdobramentos da “Lava Jato”, uma série de outros nomes peculiares surgiu com as ações de combate à corrupção no país como a “Zelotes”, por exemplo, aumentando a sensação de que os brasileiros estão rendidos à maracutaias de Brasília e de outros locais onde um dos três poderes está estabelecido.
O Hoje em Dia inicia, nesta segunda-feira, uma série de reportagens que vai mostrar a você quais são as consequências econômicas e para os cofres públicos que esse mar de corrupção traz.
Nos últimos cinco anos, foram perdidos com a corrupção de entes públicos que buscaram obter vantagens para suas vidas privadas e carreiras, R$ 569 bilhões; somente em 2015, a cifra foi de R$ 135,7 bilhões.
Não só os problemas causados à economia e, logo, à redução dos investimentos em bem-estar, saúde e educação, devem ser levados em conta. E nem reduzir a corrupção a atos realizados pela classe política. Os atos cotidianos como a sonegação de impostos, não devolver o troco que recebeu a mais, dentre outros, são formas de corrupção e que trazem, sim, prejuízos para alguém.
É preciso que o fenômeno social que é a corrupção seja discutido. Não basta apenas o Estado combater os crimes e a Justiça punir os entes públicos que os cometem se, quando chegam as eleições, uma amnésia coletiva aparece e os mesmos políticos são reeleitos para novos mandatos dos quais, muito provavelmente, usarão em benefício próprio e pouco farão pelo desenvolvimento do país.
Ter um Estado com serviços de qualidade está ligado à educação da própria população, que deve aprender a respeitar e valorizar o voto escolhendo pessoas éticas e honestas para ocupar cargos públicos. E, claro, manter-se vigilante com as atitudes corruptas do dia a dia. Mais que evitar, denunciar.