Ao contrário da população do continente europeu, onde países com diferentes idiomas encontram-se próximos, facilitando o contato, o intercâmbio cultural e o aprendizado de línguas, os brasileiros pouco convivem com estrangeiros. Os motivos podem ser atribuídos à geografia e ao passado de colonização. Afinal, somos o único país da América do Sul de língua portuguesa e nossos hermanos mais próximos falam espanhol. Estudantes mineiros têm vivido experiência diferente no cotidiano das escolas. Dados do Censo Escolar do Ministério da Educação revelam que triplicou nos últimos 9 anos o número de crianças e adolescentes de outras nações nos bancos escolares do estado. Em 2008, eram 4 mil estudantes estrangeiros, contra 13.723 em 2017.
Os motivos específicos para migração de estudantes ainda não foram definidos por estudo. Mas uma visita a escolas, como mostra a reportagem do Caderno Horizontes desta edição do Hoje em Dia, é possível revelar o perfil de alguns deles: são filhos de famílias refugiadas de países em guerra, intercambistas de diversas regiões do planeta; ou filhos de pais que foram atraídos para o Brasil pela oferta de trabalho. Nessa pequena “Torre de Babel”, alunos e educadores tentam se adaptar.
De um lado, estão os estrangeiros que se esforçam para absorver o conteúdo escolar sem dominar a língua portuguesa e tentam de adaptar às diferenças culturais. O sírio Rober Bara repetiu o ano letivo até aprender o idioma. A francesa Maëlys Richard se surpreende com fato de poder abraçar um professor, gesto considerado desrespeitoso no seu país. Do outro lado, estão os brasileiros curiosos em conhecer os colegas que vieram de terras distantes. Rica troca de conhecimento cultural e idiomas. No entanto, as dificuldades também se manifestam. São poucos os brasileiros que dominam o inglês, a língua. universal, e os professores enfrentam desafios para ensinar. Em Belo Horizonte são poucas as escolas bilingues, que tem mensalidades pouco acessíveis. Boa parcela dos estrangeiros estáem escolas públicas, onde os educadores lidam com dificuldades e baixa remuneração. Com base nesta nova realidade, é necessária a criação de políticas públicas , como a disponibilização de professores bilíngues, para atender melhor os estrangeiros acolhidos em BH.