Editorial.

Desafios e mais desafios

14/05/2016 às 19:15.
Atualizado em 16/11/2021 às 03:26

Ficou claro para o mercado e para todos os brasileiros a política liberal que o PMDB adota no governo federal. Daqui para a frente, o foco no social, característica do governo do PT, sai de cena.

Os juros devem baixar para que o crédito seja incentivado e o consumidor volte a assumir seu poder de movimentar o comércio, resvalando positivamente na produção industrial, e também os serviços. Claro que não basta querer; e a previsão do Banco Central de queda do PIB é nada menos do que 3,6%.

O déficit da Previdência Social em razão das aposentadorias de quem não contribui, especialmente trabalhadores do meio rural, é um entrave ao saneamento financeiro da União, assim como a carga alta de encargos sociais nas folhas de contratação de empregados no setor privado afugenta investidores de outros países.

As análises de especialistas ouvidos pelo Hoje em Dia mostram que os desafios vão exigir de Michel Temer muito mais do que um bom discurso conservador. Para o cenário internacional, a presença de José Serra na equipe, nome conhecido especialmente por ter feito boa gestão no Ministério da Saúde no que diz respeito às pesquisas que promoveram avanço no tratamento da Aids, pode render confiança. Claro que os investidores estão de olho na redução da dívida pública, como já dito aqui, e não serão convencidos simplesmente pela troca de governo.

Não por acaso o homem forte do governo Michel Temer é o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles. A receita de ajuste com corte de despesas, privatizações e até aumento de impostos está pronta e será detalhada na semana que começa.

As medidas nada populares vão render ao novo governo a reação dos insatisfeitos, como já previsto em manifestação hoje nas principais capitais do país. Pode ser que se estendam para as do Nordeste, à medida em que forem anunciadas medidas como corte de benefícios e alteração dos direitos trabalhistas.

O Brasil realmente precisa de paz na política e harmonia na economia, mas o afastamento da presidente Dilma Rousseff e a ascensão do vice ao Palácio do Planalto não bastarão para isso. Temer e sua equipe têm um enorme desafio pela frente, porque muitas medidas terão que ser aprovadas pelo Congresso, onde vozes divergentes vão se levantar.

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