Editorial.

Descontrole na fronteira e na cidade

Publicado em 16/06/2017 às 19:04.Atualizado em 15/11/2021 às 09:07.

O mercado de contrabando precisa de alguns fatores para se fortalecer. Dois dos principais são demanda alta por um determinado produto e falta de controle sobre o comércio ilegal por parte das autoridades. E o Brasil tem se tornado ambiente ideal para o crescimento desse negócio que deixa de arrecadar milhões de reais e financia organizações criminosas. 

Mostramos hoje como o comércio ilegal de cigarro “rola solto” nas ruas de Belo Horizonte. Não é difícil encontrar os vendedores nos pontos de maior circulação de pessoas da cidade. 

Mas as bancas improvisadas nas calçadas são apenas a ponta de um problema que tem como base a falta de policiamento nas fronteiras secas do país. Assim como o tráfico de drogas, os cigarros contrabandeados não encontram dificuldades em entrar no Brasil aos fardos todos os dias. 

A falta de fiscalização continua no transporte das mercadorias. Aqui você é capaz de viajar 1.500 km entre Foz do Iguaçu e Belo Horizonte sem ser parado pela Polícia Rodoviária Federal, na maior parte, por culpa do efetivo bastante reduzido que mal dá para atender as ocorrências de acidentes. 

Na cidade grande, a cadeia se fecha mais facilmente em cenário de crise econômica. A falta de oportunidades de trabalho e o aumento do custo de vida faz qualquer trabalhador que precisa colocar comida na mesa priorizar o sustento da família e aceitar ser vendedor ambulante. O alvo da repressão não deve ser eles. 

Precisamos de uma série de medidas que desestimule esse esquema de contrabando. A começar pela diferença gigantesca de política de controles fiscal e sanitário em relação aos vizinhos. Não dá para ser rígido em um produto de tanta demanda se o país ao lado, no caso o Paraguai, não é.

Somente depois de uma grande força-tarefa feita lá nas fronteiras é que o combate dentro das cidades deve funcionar. Se o descontrole sobre o que entra em solo brasileiro continuar do nível que está, não adianta apreender o material vendido pelo ambulante na Praça da Rodoviária. Para cada maço recolhido dezenas de outros são comercializados ou outras centenas chegam por nossas estradas. É gastar força com o que não vai resolver em nada a situação. 

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