Editorial.

Diferenças entre trabalhadores

23/08/2016 às 20:06.
Atualizado em 15/11/2021 às 20:31

A corda sempre arrebenta para o lado mais fraco. E esse ditado popular nunca foi tão adequado para descrever a situação pela qual passa o trabalhador brasileiro. Sem perspectiva de melhora na renda, inflação alta e com 11 milhões de pessoas desempregadas nas ruas, muitos estão aceitando redução de salário para manter os postos de trabalho. 

Os dados da pesquisa da Fundação Instituto de Pesquisas (Fipe) mostram que 186 acordos coletivos com esses cortes foram firmados no país, menos da metade dentro do Programa de Proteção ao Emprego, criado pelo governo no ano passado para tentar preservar vagas no mercado formal. A ideia da gestão de Dilma Rousseff parece ter conquistado muitos adeptos na iniciativa privada. 

Para um pai ou mãe de família optar pela redução salarial, o que há alguns anos era impensável, é preciso que a falta de perspectiva de melhora atinja o nível máximo, de quase desespero pela possibilidade de perder o emprego. Tudo por causa de uma situação que o brasileiro não criou e não teve como evitar. 

Não há como não comparar a situação salarial do trabalhador comum com os aumentos recentes aprovados a carreiras do Poder Judiciário e outros reajustes de categorias do funcionalismo público que ainda estão em tramitação no Congresso ou em início de negociação. A pressão dos sindicatos pelos reajustes é grande em um governo interino e ainda com base frágil, mesmo com a União com déficit no orçamento deste ano e com previsão de outro rombo para o ano que vem. 
Caso todas as reivindicações forem aceitas, o governo não terá outro caminho a não ser aumentar impostos, que serão pagos pelo empregado comum, aquele mesmo que reduziu o salário para não deixar de receber. 

Será mesmo oportuna a reivindicação dos sindicatos de servidores públicos em um quadro desfavorável aos companheiros da iniciativa privada? E olha que a média salarial do trabalhador setor público é significativamente maior do que a dos demais empregados do país. 

Enfim, é preciso que todos façam o sacrifício para que o país consiga equilibrar suas contas e possa ter condições de criar um novo ciclo do crescimento. Se for na base do cada um por si o resultado será mais famílias desesperadas e uma tremenda injustiça. 
 

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