Editorial.

É preciso cuidar de um patrimônio de BH

Publicado em 16/05/2020 às 08:18.Atualizado em 27/10/2021 às 03:31.

“Mineiro não tem mar, então vai para o bar”. A frase dita tantas vezes, não só nas mesas animadas pela boa conversa, regada a tira-gostos que trazem muito do que há de mais mineiro, ajuda a dimensionar a importância do setor de bares e restaurantes para o estado e, especialmente, para Belo Horizonte. A capital reúne, de acordo com a Abrasel-MG, 22 mil estabelecimentos, cada vez mais espalhados pelos quatro cantos da cidade, e sinônimo de um segmento econômico que, em tempos normais, se transformou em um dos símbolos da cidade; procurado inclusive de muitos turistas, motivados pela fama.

A pandemia da Covid-19 teve efeito devastador também no setor. Ainda que muitos negócios tenham conseguido se reinventar momentaneamente para se adaptar às circunstâncias, houve dispensas, endereços tradicionais fechados e sem perspectiva de reabertura. O cálculo da entidade que reúne bares e restaurantes estima em até 30% o número dos que não conseguirão sobreviver aos efeitos mais imediatos da crise.

A esperada flexibilização do isolamento social traz uma perspectiva menos negativa, embora se preveja que boa parte da população demorará a retomar antigos hábitos. Muito pelo cenário financeiro incerto, mas também à espera de um momento de maior segurança em relação ao coronavírus. Será necessário adotar medidas de proteção e prevenção, que embutem um custo extra aos proprietários. Espaços terão de ser revistos e adaptados de modo a garantir um distanciamento seguro. E muito provavelmente haverá limite ao número de pessoas atendidas simultaneamente, já que as aglomerações ainda são grandes inimigas no esforço de enfrentamento.

Não há dúvida de que o desejo de boa parte da população é o de voltar a viver momentos leves e descontraídos nos botecos. Não se imagina, no entanto, que isso ocorrerá dentro de uma normalidade por alguns meses. Ainda que o poder público admita dificuldade em estimular setores específicos diante das demandas de saúde, é fundamental empreender esforços para que o impacto seja o menor possível. Estamos falando de uma vocação da capital, que pode ser determinante num esforço de recuperação econômica. Da parte do consumidor, buscar auxiliar os bares em suas iniciativas é importantíssimo, assim como consumir, mesmo que remotamente. Pequenas iniciativas podem ter efeito significativo mais adiante.

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