Editorial.

Enxugando gelo

Publicado em 04/12/2016 às 22:08.Atualizado em 15/11/2021 às 21:56.

O roubo de carros é uma das modalidades de crime mais frequentes em qualquer grande cidade brasileira e uma das que mais dá sensação de insegurança para a população. Ver um bem valioso, que não é barato e, para muitos, serve também como ferramenta de trabalho, sendo tomado de maneira abrupta e violenta é uma das situações mais revoltantes que um cidadão pode passar. Claro, nada é maior do que a vida e reagir nunca é o melhor caminho, mas quem passou por isso sabe o quanto é ruim a sensação de impotência ao ver o veículo desaparecendo no fim da rua nas mãos de um bandido após ter uma arma apontada para a cabeça. Seguro nenhum cobre ou faz superar esse sentimento. 

Na edição de hoje, voltamos a destacar que esse tipo de crime está em alta na capital mineira – mais de 15% em relação ao ano passado. São 20 roubos por dia, e apenas 12 desses veículos são recuperados.

Quem tem um pouco de experiência em coberturas ou no combate direto a bandidos, sabe que criminoso não fica com a prova do crime. A maior parte dos carros roubados são usados para outra prática criminosa, seja clonagem para a venda posterior abaixo do preço de mercado, comercialização de peças ou até o uso em outras ações criminosas. 

Portanto, não há como combater esse tipo do crime contanto apenas com o policiamento nas ruas. Ladrão precisa de oportunidade para agir. Nenhum vai cometer crime com a polícia por perto. Teria que se ter um contingente gigantesco para reduzir as ocorrências do tipo. 

O que precisa ser feito é um trabalho de investigação para descobrir para onde vão as peças, quem são as pessoas que desmancham os veículos e quem faz a clonagem. 

A responsabilidade também passa pelo próprio cidadão, que, em busca do menor preço, insiste em recorrer ao mercado paralelo sem se preocupar com a procedência das peças. 

Não existe mercado sem consumidores. A “produção” depende da demanda de compradores. E se mais gente procurar esse tipo de mercado, mais carros serão roubados para mantê-lo. Se não houver vontade e estratégia para quebrar essa cadeira, a Polícia Militar continuará enxugando gelo e nós expostos a ação de criminosos que colocam em risco nossas vidas e as de nossos familiares. 

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