Editorial.

Esperança para aviação em Minas Gerais

19/07/2016 às 19:47.
Atualizado em 16/11/2021 às 04:22

Minas tem quase 600 mil quilômetros quadrados, uma área praticamente igual à França. Algumas cidades estão a mais de 800 quilômetros da capital, o que torna o deslocamento por estradas muito difícil e demorado. Além disso, reconheçamos, a maior parte da nossa malha viária não oferece condições de segurança ideais.

Em países de dimensões continentais, como o Brasil, a aviação regional exerce um papel fundamental para a integração de áreas. Algumas unidades da federação nos Estados Unidos e no Canadá têm na operação de pequenos aviões em lugares mais distantes um importante meio de circulação de pessoas e de mercadorias, além de prestação de serviços, como correios e transporte de pacientes.

É isso que o governo de Minas parece querer fazer com a ativação de um projeto para ligar cidades importantes com a capital por meio de voos fretados. A primeira fase da proposta pretende atender as cidades de Curvelo, Diamantina, Divinópolis, Juiz de Fora, Muriaé, Patos de Minas, Ponte Nova, São João del Rei, Teófilo Otoni, Ubá, Varginha e Viçosa. Serão 60 voos semanais.

A maioria dessas localidades nunca recebeu uma rota sequer de voos regulares de uma empresa aérea. Outras foram atendidas por pouco tempo, mas foram “largadas” pelas companhias.

“A idéia do governo atual é arriscada, mas a estrutura está aí, custou caro e precisa ser usada”

  

A tentativa de fortalecer a aviação regional em Minas não é nova. Entre 2002 e 2012, as gestões Aécio Neves e Antonio Anastasia colocaram em prática o ProAero, que revitalizou 23 aeródromos e aeroportos em Minas, sob um custo de R$ 369 milhões. Alguns desses terminais são de cidades polo, mas, infelizmente, as melhorias não foram suficientes para atrair o interesse de grandes empresas do setor aéreo na maioria das rotas.

Mas a estrutura está aí, custou caro e precisa ser usada para que o investimento não se perca. A idéia do governo atual é arriscada. O segredo do negócio seria operar os vôos com aeronaves pequenas e sob demanda. Além disso, o avião Cessna Grand Caravan 208 B, que será utilizado pela empresa vencedora da licitação, e é tido pelos aviadores como uma aeronave segura e com boa disponibilidade de peças, o que reduz bastante o custo de operação. Essa é um dos aviões mais utilizadas, por exemplo, para ligar ilhas do Caribe ou comunidades do Alaska.

O Estado promete ainda assumir o risco do projeto, ou seja, subsidiar as passagens até que a demanda alcance um nível que sustente o negócio. A possibilidade de prejuízo existe, principalmente nessa época de crise, mas a medida, segundo os gestores, está embasada por pesquisas. E é justamente em épocas como a que vivemos atualmente que o Estado deve buscar soluções criativas para criar novas oportunidades de negócios.

As cidades envolvidas, principalmente as com potencial turístico, também precisam atrair pessoas para que o projeto dê certo e gere renda e empregos.
 

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