Editorial.

Eu, tu, eles e a proteção de todos

Publicado em 27/10/2020 às 21:00.Atualizado em 27/10/2021 às 04:54.

Desde que a ciência e a medicina descobriram as primeiras vacinas, o mundo se beneficiou do combate a males que até então ceifavam centenas, milhares de vida nos quatro cantos do planeta, vítimas de doenças como varíola, tuberculose, febre amarela e outras tantas. 

De uns tempos para cá, vimos crescer uma força contrária à imunização. Tal resistência, portanto, é bem anterior à pandemia global deflagrada pelo novo coronavírus. E por conta das sucessivas quedas na cobertura vacinal em vários países, e da volta ao cenário de doenças que já poderiam estar erradicadas da face da terra (como sarampo e pólio), a Organização Mundial de Saúde alertou, ainda em 2019, que essa recusa já era uma das dez maiores ameaças à saúde global. 
Os “antivacina” começaram a proliferar em 1998, após publicação do artigo de um médico inglês associando aumento dos casos de autismo à tríplice viral. Fake News. E “colou”, mesmo depois que o médico foi desmascarado por receber pagamentos de advogados em processos por compensação de danos vacinais.

Agora, a aceleração do processo em busca de um imunizante contra a Covid gera mais desconfiança. Ok. Afinal, a descoberta de uma prevenção segura costuma levar anos e anos, mas é fato que nunca se viu tanto dinheiro e talentos num esforço conjunto por uma solução. 

No Brasil, conforme já apontou o Ibope, um a cada dez cidadãos rejeita ideia de tomar tal vacina - ou porque vem da China (de onde vem também camisetas, eletrônicos, calçados, jeans e outros itens que ninguém falou em parar de comprar - ou por medo de que o tiro saia pela culatra. Ou seja, de que o antígeno mate, em vez de salvar. Ou também por ignorância. Ou quem sabe por conta da politização de uma questão de saúde pública.

Não é caso de afirmar que vacinas têm 100% de eficácia, mas até hoje são a melhor opção para a maioria. E exatamente por não oferecerem total garantia, faz muita diferença quando parte da população ignora o fato, desconsidera o coletivo e segue como potencial vetor de transmissão. 
 

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