Editorial.

Exame nacional da incerteza

Publicado em 04/11/2016 às 20:34.Atualizado em 15/11/2021 às 21:31.

Muitos que se inscreveram para fazer o Exame Nacional do Ensino Médio não sabem neste momento se poderão ou não fazer o exame que é a primeira etapa para entrada em uma sonhada universidade. Para cerca de 250 mil pessoas, a preparação para hoje e amanhã já foi em vão, devido À suspensão da aplicação nos locais onde há ocupações. Há a orientação do Ministério da Educação para que, se houver risco nos locais que vierem a ser ocupados de última hora, a prova seja adiada. 

Um dos maiores locais de provas, o campus da PUC Minas, no bairro Coração Eucarístico, em Belo Horizonte, ocupada na noite de quinta, poderá sofrer essa medida. OU seja, milhares de inscritos sairão de casa em direção à universidade sem saber se farão ou não as provas do Enem. 

Além disso, no caso de adiamento, o número de pessoas com o exame adiado para dezembro só crescerá. Serão mais recursos desperdiçados em nova logística, novos alugueis de locais e contratação de pessoal. O prejuízo, ao contrário do exame, é certo. 

Não há que se questionar o direito ao protesto, ainda mais sobre uma PEC que deverá alterar os gastos públicos pelos próximos 20 anos. Se os alunos que ocuparam as escolas são envolvidos com partidos, se são mesmo estudantes ou se estão motivados mesmo pelo debate, e não por vingança do governo, é uma outra história. 

Sem dúvida, o Ministério da Educação, e o governo em geral, avaliaram mal a situação e conseguem fazer o remendo pior que o soneto. Faltou previsão, uma estimativa de onde esses movimentos poderiam chegar. Se há a identificação da motivação política das ocupações, isso deveria ter sido esclarecido desde o começo à população em geral, deixando claro a intenção do governo em dialogar. 

A situação foi sendo empurrada, as escolas continuaram ocupadas e, somente na semana do Enem, houve alguma providência, longe da ideal. Comunicação e estratégia não são o forte desse governo. 

Não importa se as ocupações farão mais “vítimas” hoje e amanhã pelo país, o governo já perdeu essa briga e não parece mostrar capacidade para encarar protestos contrários. O problema maior é que os desafios dessa gestão só estão começando. 

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