Apresentamos nesta edição que os pedidos de recuperação de empresas em Minas Gerais aumentou em mais de 80% no ano passado em relação ao mesmo período anterior. A alta é quase o dobro da registrada no país, que ficou em torno dos 40%. Esse é um forte indício de que a crise atingiu o nosso Estado em uma dimensão maior que no resto da nação.
Mas a reportagem traz um outro dado preocupante. Quase 61% das empresas que entraram nessa situação são micro e pequenas. Apenas 14% das empresas quem caminharam para a recuperação judicial são de grande porte. Com esses dados, podemos concluir que as dificuldades atingem mais os pequenos negócios do que quem mais fatura.
Claro, uma empresa de grande porte tem melhores condições de se adaptar aos solavancos da economia ou, de maneira mais simples, tem mais gordura para queimar. O problema é que essa “sobra” é eliminada, preferencialmente, cortando postos de trabalho.
Já as microempresas não possuem muito para onde correr. Muitas são dependentes apenas de uma atividade de um mesmo setor, como é o caso da mineração. E quando esse setor específico reduz o ritmo ou se retrai, fica difícil se sustentar no mercado.
O quadro é bem claro e o direcionamento de medidas para tentar levantar a economia também está bem nítido. São as micro e pequenas empresas é que precisam mais de ajuda do governo para, se não for possível se salvar, pelo menos que os sócios consigam honrar compromissos. Os negócios menores podem não ter grande importância em balanças comerciais, mas ajudam muito a manter o mercado interno girando.
No entanto, não vemos recentemente ações propostas do governo federal para proteger essa parte da população que está pagando a conta de uma crise que não tiveram como evitar e se proteger. É necessário é urgente um pacote para que essas empresas consigam pagar as outras e também para que outros negócios não entrem em situação crítica.
Mas pelo clima que se desenha para o início deste ano em Brasília, com Lava Jato, reforma da Previdência e eleição no Legislativo, o governo não está com tempo para discutir o assunto, e as previsões de especialistas, de repetição do quadro em 2017, deve se confirmar.