Editorial.

Fingir que não existe problema não é solução

26/10/2020 às 09:57.
Atualizado em 27/10/2021 às 04:53

Negar os estragos causados pelo coronavírus, os impactos da pandemia (da economia à saúde emocional) e a importância da adoção de medidas sanitárias não livra ninguém da Covid-19. Na verdade, só aumentam a vulnerabilidade e o risco para a maioria. 

O negacionismo de muitos cidadãos e a omissão ou falta de ação adequada do poder público estão estatisticamente registradas nos 5,382 milhões de brasileiros infectados e nas 157 mil vidas perdidas. E não adianta argumentar que é um numero pequeno diante do total da população do país, pois qualquer vida importa. Uma mãe com 10 filhos não lida melhor com a dor pelo fato de ainda lhe restarem outros nove.

Ao negacionismo, à guerra em torno das vacinas - em que parece menos importar a proteção à vida e mais as falácias e o velho jogo do toma-lá-dá-cá da política nacional - junta-se o escancaramento da flexibiliza-ção da quarentena de Norte a Sul do país, com permissões governamentais para a vida voltar ao “normal”. Cinemas, teatros, shows com aglomeração e até ensaios de escolas de samba já têm sinal verde. Permissões, muitas vezes, embaladas pelo calendário eleitoral e que podem prolongar a pandemia, trazendo novas ondas de contaminação. 

Na Europa, aliás, isso já é realidade, com aumento rápido no número de casos da doença, o que tem levado governos a readotar restrições à circulação. Países mais preparados, sob vários aspectos, para vencer a batalha, como Itália (vetando novamente academias e outros espaços), França, Espanha (onde já foi decretado estado de emergência) e Inglaterra, estão em alerta geral. Desta vez há mais jovens infectados e autoridades temem novo colapso no sistema de saúde.

Por aqui, onde, de maneira geral, as medidas de isolamento foram brandas, a estratégia de testagem em massa, monitoramento e rastreio de novos casos não vingou. Hospitais de campanha foram desmontados, recursos destinados ao combate da pandemia não chegaram e há multidões circulando pelas ruas, socializando sem ao menos usar máscaras. Se, ou quando a nova onda chegar, salve-se quem puder! 

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