Nos postos de saúde, não há médicos para atender a população. Nas ruas, poucos policiais se desdobram para tentar dar uma sensação melhor de segurança. Nas florestas, o número de fiscais ambientais é insuficiente para combater a exploração ilegal de madeira ou impedir queimadas.
Mas pelo menos uma empresa pública não convive com esse problema de falta de pessoal. A Infraero, pasmem, está com excesso de funcionários. Por causa da concessão dos principais aeroportos do país, não há serviço para todos. Conforme matéria publicada hoje, cerca de 2 mil servidores aguardam solução desse impasse.
Fatos como esse acabam sendo decisivos para que não haja dinheiro para os remédios gratuitos ou para recuperar aquela escola caindo aos pedaços no interior ou pagar melhor os funcionários públicos que têm salários próximos ao mínimo. Mais do que os impactos de uma crise mundial.
A situação simplesmente não foi prevista adequadamente por quem elaborou as concessões. Foi criado um plano para aposentadoria voluntária que, embora tenha recebido adesão, não foi concluído por falta de dinheiro. Enquanto isso, parte do dinheiro dos impostos que você, contribuinte, paga toda vez que vai abastecer a sua moto ou carro, ou quitar a sua conta de luz ou comprar algum produto industrializado vai para pagar salários a 2.000 pessoas que não têm o que fazer – lembrando que elas não são culpadas dessa situação.
Isso só ocorre pela péssima gestão do dinheiro e de serviços públicos no país. Talvez não haja povo no mundo que desrespeite mais os recursos do cidadão que o brasileiro. Não só por sermos campeões de corrupção. Muitas vezes é por incompetência mesmo.
Mas aqui, diferentemente de países um pouco mais organizados e desenvolvidos, tudo se faz quando se está em um cargo público, lança-se programas com toda pomba e festa, e quando dá errado, ninguém é responsabilizado pelo prejuízo.
O Brasil não será uma nação minimamente justa se não tratar de maneira adequada quem provoca prejuízos à população. Só assim, os gestores vão pensar um pouco mais antes de lançar iniciativas sem o devido estudo de impactos e que joguem fora, todos os dias, o suado dinheiro do cidadão brasileiro.