Ainda faltam 10 dias para que a campanha eleitoral ganhe as ruas, mas o processo viveu, nesta quarta-feira, uma etapa decisiva, com o encerramento do prazo para realização das convenções partidárias que determinam as candidaturas majoritárias (prefeito) e proporcional (vereador). No caso de Belo Horizonte, com um número recorde de postulantes que se explica nem tanto pelo desejo ou condição concreta de chegar ao cargo, mas como forma de puxar votos para quem luta pelas vagas na Câmara Municipal. E buscar atender a cláusula de barreira determinada pela Legislação, condição fundamental para a sobrevivência das legendas.
O processo passa, e passará, por modificações profundas ditadas pela pandemia. Começando pelo adiamento em mais de um mês em relação à data original, na expectativa de condições sanitárias mais favoráveis. A própria campanha perderá muito de sua essência considerando-se que o corpo-a-corpo típico (ainda mais na seara municipal, em que o candidato está mais próximo de quem vota) tende a desaparecer. Não há como pensar em aglomerações, por menores que sejam, e as determinações de saúde deverão fazer parte dos procedimentos. Com isso, o debate tende a se concentrar ainda mais nas redes sociais, o que torna mais difícil o trabalho de convencimento e engajamento.
O eleitor se mostra pouco empolgado, e com razão. O ano na capital mineira foi marcado não só pelas restrições e consequências da pandemia; como, ainda antes, pelas chuvas que atingiram recordes históricos e provocaram prejuízos materiais e de vidas humanas. No que diz respeito à Câmara, a legislatura que chega ao fim foi marcada pelas duas primeiras cassações da história da casa.
É fundamental, no entanto, que o interesse seja instigado por quem busca a condição de representante da população. Por meio da apresentação de ideias, propostas concretas e congruentes com a realidade da cidade. Do debate e da abertura a ouvir o que o eleitor tem a dizer. Se desta vez as ruas tendem a estar mais limpas diante da condição excepcional do pleito, espera-se que também nas redes sociais não haja uma poluição nociva, e que seja possível manter um nível digno. Problemas recentemente houve vários. É fundamental trabalhar por soluções.