Editorial.

Jogos olímpicos da tensão

21/07/2016 às 20:04.
Atualizado em 16/11/2021 às 04:24

As prisões de pessoas ligadas a um grupo que planejava um ataque terrorista no Brasil assusta, mas apenas confirma que a ameaça do país ser palco de uma ação do tipo é real e está mais próxima do que pensávamos. Mesmo sendo considerada “amadora” pelo ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, a organização iniciou movimentos que poderiam resultar em um ataque durante os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro.

De acordo com as investigações até agora, não há uma intervenção direta do Estado Islâmico no grupo brasileiro. Isso torna a situação ainda mais assustadora, já que os autores dos planos seriam pessoas que vivem aqui e que, por algum motivo, poderiam implantar um ataque do tipo no país. Um dos investigados, inclusive, seria morador da cidade de Varginha, no Sul de Minas.

“Para cruzar meio mundo, chegar em terras tupiniquins e ganhar adeptos, o extremismo tira proveito da tecnologia”

Para cruzar meio mundo, chegar em terras tupiniquins e ganhar adeptos, o extremismo tira proveito da tecnologia. Nada de estrangeiros que entraram clandestinamente por fronteiras mal-vigiadas para formar “soldados” e homens-bomba em campos de treinamento. Nada de escritório em alguma área deserta da cidade onde são feitos encontros secretos para elaborar os planos de destruição.

As ideias espalhadas por grupos terroristas estão disponíveis na internet, e as redes sociais tratam de aproximar as pessoas que compartilham da mesma filosofia. Aplicativos nos smartphones são usados para conversas e trocas de informações. E aí está uma célula terrorista em potencial, como a desbaratada pelos agentes federais.

A partir de um grupo formado, basta um pessoa em contato com essa doutrina ter a disposição de se “sacrificar pela causa” para que o atentado se desenhe e, caso as polícias não consigam identificar a movimentação a tempo, concretize-se. O terrorismo é, hoje, descentralizado, horizontal e sem rosto definido.

Se por um lado a prisão dos suspeitos deu a impressão de que a Polícia Federal está verdadeiramente de olho em potenciais terroristas, mesmo em pequenos grupos, a operação já coloca ainda mais a preocupação na população, que ainda não havia sido convencida de que esse tipo de organização agia – e no caso estava sendo formada – bem ao nosso lado.

O medo se justifica já que não há polícia no planeta que consiga monitorar todos os cidadãos. Sempre haverá a possibilidade de alguma pessoa por aí, movida por causas radicais ou por qualquer outra razão, escapar do cerco da polícia e cometer atos de terror.
A verdade é que não há como os órgãos governamentais garantirem 100% de segurança. Os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, serão também os jogos da tensão e do medo constante do terror.

 

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