O prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil, deu um indício de que deu início ao cumprimento da principal meta de campanha: a reformulação do transporte público da capital mineira. No anúncio de ontem, via Twitter, de uma só vez, mesmo sem muitos detalhes, o político anunciou algumas melhorias na estrutura dos ônibus e uma auditoria do sistema de transporte.
Nitidamente, Kalil foca a periferia da cidade ao determinar que os ônibus novos tenham ar condicionado e que essa melhora comece por aquelas linhas que servem os bairros mais distantes. É a parcela da população que justamente passa a maior parte do trajeto dentro dos coletivos e que necessita mesmo de um conforto maior.
A outra medida diz respeito a uma auditoria que será feita no sistema. Esse mesmo estudo foi realizado na gestão anterior e não foram encontradas irregularidades. Não dá para saber do prefeito se outros aspectos serão levantados ou se apenas repetirá a verificação.
Como faz o anúncio pela rede social, Kalil alcança um público muito maior de imediato, no entanto perde-se a oportunidade de prestar esclarecimentos muitos mais completos do que em 140 caracteres.
A grande questão é o impacto de algumas medidas dentro do sistema. Os ônibus mais confortáveis são mais caros o que aumentaria o custo geral do serviço, justificando um aumento da passagem superior à inflação, segundo o contrato. É uma exigência que poderá ser paga pelo cidadão no dia a dia.
Não há muito o que fazer. Para abrir a tal “caixa-preta” do transporte público de Belo Horizonte, tão falada na eleição, Kalil pode ter que descumprir o contrato de licitação, assinado em 2008. As empresas poderão questionar a atitude na Justiça, e a situação virar novela. E sem contrato, não há ônibus na rua, e a cidade para. Será preciso estar muito seguro para tomar essa atitude.
Mas de todo o jeito, Kalil tenta implantar logo no primeiro mês seu ritmo de trabalho e que bom que um dos focos seja a população que enfrenta um transporte público de qualidade ruim todos os dias. Se conseguir sucesso nessa questão, o prefeito da capital pode fazer da melhoria do transporte público a principal marca de sua gestão.