Quem foi jovem no fim da década de 1980 e início da de 1990 sempre ouviu falar em uma via praticamente deserta além da ferrovia que define os limites de Belo Horizonte e Nova Lima, no chamado Eixo Sul da RMBH. A avenida Seis Pistas foi o ponto de encontro de parte da juventude da capital mineira nesta época.

O longo trecho de asfalto, praticamente plano, desabitado e sem cruzamentos atraía principalmente os praticantes de pegas com seus carros “envenenados”. Milhares de jovens se juntavam todos os fins de semana nessa região para ver as disputas, que já transgrediam as leis de trânsito – que não eram tão rígidas como as atuais.

Mais de duas décadas se passaram, as cidades cresceram, os lotes vagos foram tomados por edifícios comerciais e habitacionais, a maioria de luxo. A avenida Seis Pistas mudou o nome para alameda da Serra, e, há poucos anos, para alameda Oscar Niemeyer. Aos poucos, na medida em que os grande edifícios foram sendo erguidos, o perfil dos frequentadores do local também foi mudando. Hoje, a via é marcada por oferecer diversidade de serviços e opções de lazer à população.

Se compararmos com a situação de outras áreas da RMBH, a Alameda Niemeyer continua sendo local de, digamos, transgressores. Mas desta vez, ela abriga diariamente aqueles invertem a lógica econômica atual, que é de retração e fechamento de empresas. Mais pessoas estão apostando na região e conquistando ganhos em tempos bem difíceis.

A presença de pessoas de maior poder aquisitivo, a distância para as regiões centrais de Nova Lima e BH e a previsão de entrega de novas habitações planejadas antes da crise fizeram desse local, novamente, mais uma vez, particular. Alugueis entre R$ 10 mil e R$ 17 mil para um comércio podem parecer caros, mas se compararmos com outras regiões tradicionais, atingidas pela crise, como a Savassi, que mesmo assim, tem pontos custando acima de R$ 20 mil mensais, encontramos algumas justificativas para o bom momento.

A Alameda Niemeyer está em expansão e tem tudo para se tornar um dos mais importantes polos. Quem sabe ela não estimula outros empresários a encontrar novos locais promissores, que tornem um alento nessa situação tão grave pela qual o país passa.
 

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