Editorial.

Mais trabalho e menos viagens

Publicado em 18/10/2016 às 20:29.Atualizado em 15/11/2021 às 21:17.



Apesar de trabalhar com números, economia não é um ramo exato. Nem tudo o que se planeja dá certo, ou pelo menos ocorre na velocidade com que se espera. Mas para um governo que assumiu a gestão pregando austeridade e prometendo a retomada econômica para gerar empregos, os resultados e índices ainda não são chegam a ser animadores. 

Conforme mostramos na edição de hoje, um dos fatores para a retomada da economia estar “emperrada” é o fortalecimento do real frente ao dólar – 11,2% desde janeiro. 

O curioso é que quando o dólar ficou acima dos R$ 4 houve um alarde dos analistas econômicos e em alguns setores. Claro, a alta elevou custos de muitos produtos importados e encareceu significativamente as viagens para fora do país. Quem teve um pensamento imediatista viu na situação algo terrível. 
Aos poucos, muito por causa do início do processo de impeachment de Dilma Rousseff, a moeda americana foi tendo o valor reduzido, os investimentos estrangeiros retornando, o real se fortalecendo e a indignação geral controlada. 

Hoje, analisando melhor, uma desvalorização maior do real permitiria que nossas empresas fossem mais competitivas no mercado internacional e, consequentemente, teriam a oportunidade de manter a produção e salvar milhares de empregos. É melhor ter mais gente trabalhando do que viajando ao exterior. 

Outro fator ressaltado por especialistas é que o volume de dinheiro que entrou no país por causa da valorização da moeda foi mais atraído pelos juros altos, que permitem grandes ganhos para quem já tem muito dinheiro – é só reparar nos lucros dos bancos –, do que pela possível retomada da economia. Ou seja, os recursos ficam no mercado financeiro não chegam a empresas que precisam de investimento. E quando chegam, são caros. 

Não é a primeira vez que fica clara a necessidade desse novo governo de medidas mais agressivas em busca da recuperação da economia, conforme foi prometido pelo presidente no momento da posse. 

Com taxa de juros alta e dólar mais baixo do que deveriam será difícil que a economia se recupere e que o desemprego pare de crescer. O tempo está passando e, por enquanto, um “novo Brasil” está restrito aos discursos. 

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