Editorial.

Mar de negativados

12/04/2016 às 07:45.
Atualizado em 16/11/2021 às 02:54

A crise econômica impede que muitos brasileiros coloquem em dia sua vida financeira. Quase 60 milhões de pessoas estão com o nome sujo no país, índice que representa cerca de 40% de toda a população adulta. Desde dezembro do ano passado, 4,2 milhões entraram para os cadastros dos serviços de proteção ao crédito. Uma realidade que acompanha o caos econômico do país.

Ao passo que a crise se aprofunda, as dívidas dos brasileiros se multiplicam com financiamentos a juros altos, cartões de crédito estourados e contas em aberto. Somente entre os meses de fevereiro e março, de acordo com estimativas da SPC Brasil e da Confederação Nacional dos Dirigentes Lojistas (CNDL), aumentou em 23,53% o total de CPFs negativados.

Além dessa enorme quantidade de devedores, vale lembrar que, em São Paulo, existe uma lei estadual (16.569/2015) que só permite a inclusão de um CPF em cadastro negativo se o devedor assinar um Aviso de Recebimento. Isso significa que há uma subnotificação.

Para os especialistas em economia, o número de pessoas negativadas já está absurdamente alto, e o cenário pode piorar muito. Ainda não é possível prever como ficará o Brasil nos próximos meses, já que estamos no meio de um processo de impeachment da presidente, com o qual o mercado financeiro se anima, mas, acima de toda essa crise instalada no país, é preciso cautela.

O ideal, claro, é colocar na frente as dívidas de primeira necessidade como as contas de consumo: água, luz, gás e alimentação. Organizar-se torna-se imperioso. Fazer uma planilha com todas, absolutamente todas as suas dívidas (se for casado, as dívidas do cônjuge, também, para que consigam ajudar um ao outro), datas de vencimento, taxas de juros (na página 11 você confere cinco dicas para fugir dos débitos).

Nesse momento pelo qual passa nosso país, negociar é o melhor caminho. Com bancos, cartões de crédito (que têm taxa anual de juros de pelo menos 400%), empresas especializadas em empréstimos. Tudo é válido para conseguir fazer seu dinheiro render mais, uma vez que a inflação já abocanha boa parte da parcela do rendimento na ida ao supermercado, paga prestação da faculdade do filho, põe gasolina no carro...

No entanto, não só a crise é a responsável pelos nomes sujos. Falta educação financeira nas escolas e nas famílias e sobram ofertas de crédito fácil na praça: receita bombástica!

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