Editorial.

Moralização ainda que tardia

11/05/2016 às 21:32.
Atualizado em 16/11/2021 às 03:23

Dirigentes de partidos políticos não poderão ocupar a presidência da Companhia Brasileira de Abastecimento (Conab) e da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). Os novos presidentes precisarão comprovar quatro anos de atuação na área ou na própria companhia. Se ocuparem cargos em partidos, terão que deixá-los antes de assumirem as funções. Há uma outra exigência: demonstrar credibilidade junto às instituições de pesquisa do ramo. As exigências são lógicas? Claro que sim; bastante louváveis.

Decreto nesse sentido foi assinado ontem por Dilma Rousseff, como um dos últimos atos de governo. Trata-se de um ato de moralização do serviço público que deveria ser adotado em todo o setor governamental. A própria escolha dos ministros deveria levar em consideração a experiência no setor e a retidão no trato com o dinheiro público, ou seja, obedecendo à lei da “Ficha Limpa”. Mas, considerando os interesses meramente políticos que norteiam a escolha de um ministro, não se pode esperar isso. 

É no mínimo curioso que um dos derradeiros atos de Dilma na Presidência da República tenha sido tentar barrar a corrupção e os interesses políticos em empresas estatais. Ela perde o mandato justamente pelo desgaste que a Operação “Lava Jato” causou em seu governo, com a prisão de políticos muito próximos à presidente, incluindo o líder no Senado, Delcídio do Amaral. E também, claro, pelas chamadas “pedaladas fiscais”, que, a despeito de toda argumentação da Advocacia Geral da União, não podem ser consideradas uma prática correta. Houve os que, com certa razão, não encontraram nas “pedaladas” motivo para o impeachment, mas que elas ocorreram, não há dúvida. 

Mas não se pode criticar a atitude de Dilma Rousseff de assinar o decreto dificultando o uso político da Conab e da Embrapa. Está correto e poderá inibir o uso político dos cargos de duas companhias de grande importância para um país cujo PIB ainda depende muito da produção rural. A Petrobras deveria seguir o mesmo padrão. Não estaríamos vivendo o caos que se instalou no país.

A petista aproveitou a quarta-feira para assinar outros 13 decretos, dentre os quais outro de moralização da coisa pública, acerca das diárias de viagem e passagens aéreas da Polícia Federal. Em mais uma atitude em favor do setor agrícola, foi criada a Força Nacional de Atenção à Sanidade Agropecuária. Caberá a Michel Temer fazer cumprir cada um destes decretos. 

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