Como de costume, no Brasil há lei que pega e lei que não pega. Outra máxima diz que o brasileiro só respeita algo quando a punição ataca o bolso. Mas parece que, mesmo em tempos de crise econômica, essa última afirmação não vem prevalecendo.
O governo aumentou significativamente os valores das multas de trânsito neste mês, dobrando alguns valores. A punição para quem é pego dirigindo embriagado, por exemplo, chega a cerca de R$ 2.900. Muito mais que um salário mensal para a maioria da população brasileira, certamente.
Mas parece que o aumento não está sendo suficiente. Nos primeiros dias em que vigorou novos valores, 12 pessoas foram pegas em flagrante combinando álcool e direção e colocando em risco as nossas vidas e as de nossos familiares. Será que o bolso do brasileiro não dói mais?
Como dissemos aqui quando os novos valores foram anunciados pelos órgãos de controle de trânsito, muitos infratores não estão nem aí para valores. São aqueles que circulam em carrões importados que acham que, por terem condições econômicas melhores, podem fazer o que querem, sem pensar no outro. Para esses, R$ 3.000 é muito pouco. Para quem ganha salário mínimo, a multa tem um impacto muito maior.
Nesta semana um a Justiça Federal determinou a apreensão dos presentes de casamento de um empresário que não pagou a indenização de R$ 1,3 milhão à família da vítima de um acidente de trânsito que ele provocou, no ano de 2007. Mesmo com a condenação, ele realizou ema cerimônia luxuosa, contratando os melhores serviços de Brasília – que, sabemos, não são nada baratos. É um típico exemplo de como punição financeira nem sempre é eficiente, principalmente para casos envolvendo pessoas ricas.
Talvez o mais correto, insistimos, seria, além da multa, alguma punição proporcional, ou seja, a apreensão do veículo que o infrator estava dirigindo e a detenção do mesmo por um período. Quem sabe com o carrão encostado no pátio do Detran, ao relento, depreciando o patrimônio, e ele dormindo alguns dias em uma cela, o infrator não pensa melhor em sair por aí embriagado fazendo bobagens e transformando todos nós em vítimas em potencial.