Incógnita para cientistas e desafio para os médicos, o novo coronavírus multiplica vítimas Brasil afora com a “valiosa” ajuda de quem menospreza seu potencial infeccioso e o estrago que ele pode causar no organismo – mesmo que o paciente sobreviva. Longe de ser uma “gripezinha”, está prestes a se tornar o responsável por 89 mil mortes no país, e não há exagero algum em pensar que parte delas poderia ter sido evitada se houvesse mais cuidado para conter a disseminação do agente causador da Covid-19.
Matéria nesta edição mostra exatamente como muitos de nós, a despeito dos alertas incessantes das autoridades de saúde e da escalada da doença, insistem em ignorar medidas básicas para proteger a si e aos outros.
Desta vez, o pedido de ajuda vem de motoristas de aplicativos – serviço que tornou-se essencial nos últimos anos. Não raro, eles se deparam com passageiros que entram nos carros sem máscara, equipamento de proteção individual obrigatório em Belo Horizonte.
O decreto que determina o uso do acessório na capital, prevendo inclusive multa em caso de desobediência, não se aplica a quem está em carros de passeio. Talvez por isso, muita gente imagine que o risco de contaminação neste tipo de ambiente não exista ou seja pequeno.
Um equívoco, alertam infectologistas. Automóveis são espaços “fechados” e, por isso, há a possibilidade de o vírus ficar no ar e ir se acumulando – considerando-se o entra-e-sai de clientes, portanto, é como se o condutor, mesmo usando máscara, fosse alvo de uma espécie de roleta-russa durante toda a jornada.
Triste é imaginar que para muitos desses motoristas sequer há a opção de rejeitar o cliente desprotegido. As plataformas afirmam não punir o “parceiro” que adota tal postura, mas a necessidade de garantir a viagem e o próprio sustento muitas vezes fala mais alto. E, aí, o jeito é “engolir” o freguês imprudente, para não perder corridas que se tornaram mais escassas devido ao isolamento social e ao home office.
E se apelar para o bom-senso e a compaixão não adiantar, restará lembrar aos “rebeldes sem máscara” que o risco que representam para o motorista também vale para eles. Afinal, quem garante que o cliente anterior também não era um “valentão”?