Editorial.

Nem tranquilo, nem favorável

30/06/2016 às 06:00.
Atualizado em 16/11/2021 às 04:06

O número de desempregados no Brasil continua a crescer e a saída para muitas dessas pessoas é colocar em prática o “jeitinho brasileiro” (aqui, sem qualquer conotação pejorativa). Tal “jeitinho” é traduzido naquela “raça” que o brasileiro tem no DNA de não deixar se abater pelas derrotas ou dificuldades que a vida muitas vezes impõe.

Quem perdeu o emprego tenta se virar e encontrar algum talento que possa ser usado para colocar comida na mesa. Nas ruas das grandes cidades, é cada vez mais comum encontrar toda a gama de produtos sendo vendida por trabalhadores autônomos e ambulantes.

De balas Chita, no início da manhã, como sugestão para adoçar a vida a pequenos buquês de flores nos sinais, ao fim do dia, para pedir desculpas ou agradar o (a) amado (a).

Fato é que, realmente, essa forma de fugir da crise por conta própria está chegando ao ponto de esgotamento. Estatística divulgada pelo IBGE comprova essa realidade. Já houve queda nos três últimos meses daqueles que buscam, de alguma forma, empreender.

Para especialistas nesse tipo de movimento no mercado de trabalho, essa redução pode ser explicada pela própria crise, por motivo de as pessoas segurarem a mão nos gastos e reduzirem os supérfluos e as compras por impulso, priorizando itens essenciais.

Além disso, os que não estão com a carteira assinada estariam dando preferência às filas por um emprego fixo do que tentar algum empreendimento, como muitos fazem utilizando até o dinheiro recebido do seguro-desemprego e FGTS.

“A questão agora é até que ponto esse canal (do trabalho por conta própria) vai se estreitar. Será preciso esperar e acompanhar”, afirmou o coordenador de Trabalho e Renda do IBGE, Cimar Azeredo

De acordo com o próprio IBGE, o mercado de trabalho está num ciclo vicioso, com perda de rendimento e queda na qualidade do emprego. Para o Instituto, o trabalho por conta própria já não absorve a perda no emprego com carteira assinada.

Um outro fator apontado pelo IBGE é a perda de qualidade no emprego, já que têm crescido o contingente de ocupados em atividades informais como os serviços domésticos (aumento de 6,5% em 12 meses) e a venda de alimentos (cresceu 4,1% no mesmo período).

Depois de todas as estatísticas desfavoráveis ao crescimento econômico apontadas aqui, é preciso ainda destacar que o rendimento médio real recebido pelos que estão trabalhando, que já vinha em uma curva descendente, caiu ainda mais.

Em um ano, o índice foi de 2,7% menos no total recebido... Parece pouco? Não é... É mais um dos inúmeros reflexos da crise.

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